quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

LONDRES PARIS - SÉTIMO DIA DE PEDAL

A CHEGADA EM PARIS

14/09/2013
O café da manhã no hotel Formule Un foi o mais barato de todos nessa viagem, quatro euros e oitenta centavos, e também o mais fraco. Pão, manteiga, geleia, mel, cereais, doces, café e leite. Como eu precisava de alimentos mais calóricos caprichei no mel. Bebi uns três ou quatro daqueles pacotinhos de mel. Às dez horas, pegamos a estrada. Claro que chovia e choveu a maior parte do dia. A meteorologia dava noventa porcento de possibilidade de chuva para o dia e a chuva caiu cheia de vontades para cima dos ciclistas. Os caminhos são muito interessantes, bem sinalizados a maior parte do tempo, e passa por lugares muito bonitos. Estávamos perto de Paris, perto de uma estação de trem, o RER C, que nos levaria ao centro de Paris em quarenta minutos. E a ciclovia tinha sessenta quilômetros de extensão, o que nos tomaria o dia inteiro de pedal. Nem a chuva nos fez pensar diferente: sessenta quilômetros até a Catedral de Notre Dâme e seguimos em frente.

Estávamos próximo do Rio Oise e nosso trajeto acompanhou as curvas do rio. O Rio Oise é afluente do Rio Sena. Chegaríamos ao Sena em algumas horas e o seguiríamos até Nanterre (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nanterre). Seguimos em frente, direção Neuville-sur-Oise, Conflans-Ste-Honorine, e outras pequenas vilas do trajeto. O caminho entra por uma floresta maravilhosa onde encontramos com vários ciclistas, corredores, colhedores de champignons, caminhadores. É a floresta de Saint-Germain-em-Laye. Atravessamos o Sena em Sartrouville e o acompanhamos por uma boa distância, ou ele nos acompanhou, não sei. O Sena é lindo, a ciclovia o margeia em paralelo, em vias arborizadas e exclusivas. Em Saint-Germain-em-Laye o Château de Saint-Germain e o Château de Monte-Cristo nos fizeram parar para fotos.

E a chuva continuou, fininha por enquanto. Em Chatou atravessamos o Sena e passamos ao lado da Ilha dos Impressionistas, onde tem o belo Jardim de Monet. Tivemos vontade de parar, maior era a vontade de chegar. Em Collombe a ciclovia deixa de ser exclusiva, dividindo caminhos com automóveis até o destino final, afinal estávamos já na região metropolitana de Paris, superpovoado. Ali paramos para o nosso almoço, sanduíches feitos na hora em uma padaria, chá preto e água. Evian, claro.

Collombe ficando para trás, chegamos a Gennevilliers e Saint Denis. Em Saint Denis fica a parte mais difícil de todo o trajeto desde Londres. Eram dezessete horas, havia muita gente na rua e foi o único lugar em todo o trajeto em que as pessoas, a pé ou motorizadas, não nos dão passagem. Dividimos a via com carros, tramways e pessoas. Demos uma paradinha no Stade de France, estádio onde a seleção brasileira foi derrotada para a França na final da Copa do Mundo de noventa e oito. Logo á frente chegamos ao canal que nos levaria a La Villete, primeira locação interessante em Paris, parada obrigatória para uma foto. Mais uma hora e chegaríamos ao destino. Cometemos um pequeno erro de leitura do mapa, em Paris há muitas ciclovias diferentes, a numeração delas se mistura, e uns trechos em obras com desvios nos confundiu. Ao dar a volta no desvio nos perdemos e aí valeu o meu conhecimento da cidade, dos tempos em que lá morei e andava sem rumo pela cidade, admirando suas belezas. Pegamos o Boulevard Magenta até a Place de la Republique, Rue du Temple, Rue Beaubourg atás do Centre Pompidou, e pronto: Catedral de Nôtre Dame à vista. Mais uma pequena volta e chegamos. Eram dezoito horas e quarenta e cinco minutos, chuva, muita chuva. Mesmo assim, a foto de chegada era obrigatória e a despedida de meus companheiros de jornada.

Eu ainda tinha um pequeno trajeto a fazer: ir até a Gare de Austerlitz pegar o trem que me levaria até Sainte-Généviève-des-Bois onde moram meus amigos, meus anfitriões na França.

E um viva à vida. Um viva a mim. Um encontro com as diferenças e os “diferentes” é a atividade mais enriquecedora da qual tenho participado.












CARTA PARA EU CRIANÇA

  Não me lembro do dia em que esta foto foi tomada. Minha irmã, essa aí dos olhos arregalados, era um bebê de alguns meses e eu devia ter me...