A CHEGADA EM PARIS
14/09/2013
O café da manhã no hotel Formule Un foi o mais barato de
todos nessa viagem, quatro euros e oitenta centavos, e também o mais fraco. Pão, manteiga,
geleia, mel, cereais, doces, café e leite. Como eu precisava de alimentos mais
calóricos caprichei no mel. Bebi uns três ou quatro daqueles pacotinhos de mel.
Às dez horas, pegamos a estrada. Claro que chovia e choveu a maior parte do
dia. A meteorologia dava noventa porcento de possibilidade de chuva para o dia
e a chuva caiu cheia de vontades para cima dos ciclistas. Os caminhos são muito
interessantes, bem sinalizados a maior parte do tempo, e passa por lugares
muito bonitos. Estávamos perto de Paris, perto de uma estação de trem, o RER C,
que nos levaria ao centro de Paris em quarenta minutos. E a ciclovia tinha
sessenta quilômetros de extensão, o que nos tomaria o dia inteiro de pedal. Nem
a chuva nos fez pensar diferente: sessenta quilômetros até a Catedral de Notre
Dâme e seguimos em frente.
Estávamos próximo do Rio Oise e nosso trajeto acompanhou as
curvas do rio. O Rio Oise é afluente do Rio Sena. Chegaríamos ao Sena em
algumas horas e o seguiríamos até Nanterre (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nanterre).
Seguimos em frente, direção Neuville-sur-Oise, Conflans-Ste-Honorine, e outras
pequenas vilas do trajeto. O caminho entra por uma floresta maravilhosa onde
encontramos com vários ciclistas, corredores, colhedores de champignons,
caminhadores. É a floresta de Saint-Germain-em-Laye. Atravessamos o Sena em
Sartrouville e o acompanhamos por uma boa distância, ou ele nos acompanhou, não
sei. O Sena é lindo, a ciclovia o margeia em paralelo, em vias arborizadas e
exclusivas. Em Saint-Germain-em-Laye o Château de Saint-Germain e o Château de
Monte-Cristo nos fizeram parar para fotos.
E a chuva continuou, fininha por enquanto. Em Chatou
atravessamos o Sena e passamos ao lado da Ilha dos Impressionistas, onde tem o
belo Jardim de Monet. Tivemos vontade de parar, maior era a vontade de chegar.
Em Collombe a ciclovia deixa de ser exclusiva, dividindo caminhos com
automóveis até o destino final, afinal estávamos já na região metropolitana
de Paris, superpovoado. Ali paramos para o nosso almoço, sanduíches feitos na
hora em uma padaria, chá preto e água. Evian, claro.
Collombe ficando para trás, chegamos a Gennevilliers e Saint
Denis. Em Saint Denis fica a parte mais difícil de todo o trajeto desde
Londres. Eram dezessete horas, havia muita gente na rua e foi o único lugar em
todo o trajeto em que as pessoas, a pé ou motorizadas, não nos dão passagem.
Dividimos a via com carros, tramways e pessoas. Demos uma paradinha no Stade de
France, estádio onde a seleção brasileira foi derrotada para a França na final
da Copa do Mundo de noventa e oito. Logo á frente chegamos ao canal que nos
levaria a La Villete, primeira locação interessante em Paris, parada
obrigatória para uma foto. Mais uma hora e chegaríamos ao destino. Cometemos um
pequeno erro de leitura do mapa, em Paris há muitas ciclovias diferentes, a
numeração delas se mistura, e uns trechos em obras com desvios nos confundiu.
Ao dar a volta no desvio nos perdemos e aí valeu o meu conhecimento da cidade,
dos tempos em que lá morei e andava sem rumo pela cidade, admirando suas
belezas. Pegamos o Boulevard Magenta até a Place de la Republique, Rue du
Temple, Rue Beaubourg atás do Centre Pompidou, e pronto: Catedral de Nôtre Dame
à vista. Mais uma pequena volta e chegamos. Eram dezoito horas e quarenta e
cinco minutos, chuva, muita chuva. Mesmo assim, a foto de chegada era
obrigatória e a despedida de meus companheiros de jornada.
Eu ainda tinha um pequeno trajeto a fazer: ir até a Gare de
Austerlitz pegar o trem que me levaria até Sainte-Généviève-des-Bois onde moram
meus amigos, meus anfitriões na França.
E um viva à vida. Um viva a mim. Um encontro com as
diferenças e os “diferentes” é a atividade mais enriquecedora da qual tenho
participado.
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