quinta-feira, 9 de junho de 2022

ESCREVER, PUBLICAR, VENDER

Quinze anos. Espinhas no rosto deixando marcas na timidez e na autoestima. Cabelos anelados e despenteados antecipavam um movimento que corria pelo mundo e logo chegaria ao Brasil. Era 1968, “o ano que não terminou”. Ano também em que conheci os Beatles e dei meu primeiro beijo na boca. A timidez era tanta que o beijo foi iniciativa dela, uma menina de nome Soninha. Meu primeiro poema foi para ela.

E como surgiu esta coisa, espantosa, de escrever poemas? Meu pai comprou uma enciclopédia (o google físico da época), o Tesouro da Juventude. Que eu li do primeiro ao décimo oitavo volume. Ele era dividido em Livros, entre eles o Livro da Poesia. O primeiro poema do Livro da Poesia do primeiro volume da enciclopédia era “SE”, poema que Rudyard Kipling escreveu para seu filho.

“Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses, no entanto, achar uma desculpa...”

Quando eu li esse poema bateu minha primeira vontade de escrever. Eu já me saia bem na escrita, minhas notas em Português eram melhores nas redações, o que me garantia boa média nas avaliações. No entanto, foi a partir das leituras dos poemas do Tesouro da Juventude que me senti impulsionado a escrever.

Curiosamente, Kipling era o gênio dos contos curtos. E, hoje, escrevo poemas e contos curtos, microcontos, embora sem a influência direta dele. Meus primeiros poemas eram simplórios, lógico. Não fiz carreira na literatura, escolhi a Ciência porque minha outra paixão, provavelmente mais forte na época, ou mais prática, era a Matemática. Escrever, entretanto, foi um passatempo contínuo. Fui professor, criei filhos e escrevi poemas. Guardados nas gavetas até o advento dos computadores. Da gaveta foram para os disquetes, para os pen drives, para os blogues, para as nuvens. E para os livros que começaram a surgir com a aposentadoria profissional.

A poesia, em mim, é imprescindível. Não vivo sem ela. O tempo, no entanto, me ensinou a escrever em outros tons, outras letras. Escrevi crônicas como exercício de escrita e linguagem. E a crônica se tornou também imprescindível. Cheguei, depois, aos microcontos, que também se tornaram imprescindíveis.

Poemas, crônicas e microcontos. Estas são minhas letras. O que pretendo com isso? Escrever cada vez mais e melhor. Escrever, publicar, vender. É o lema que chamo de meu. É o que quero fazer o resto de minha vida. E que minha vida seja longa.

 

SER FELIZ DEPOIS DOS SETENTA

  A pergunta que todos fazem, inclusive eu, é: “é possível ser feliz quando a idade já se representa por um número tão grande? Como? É bem p...