quarta-feira, 11 de junho de 2014

UM DIA EM LONDRES


07/09/2013

Um super café da manhã ao me levantar: cereais, iogurtes, queijos, pães, café, sucos, frutas, e um croissant bem honesto. Preço? 15,90 libras. Como diz sempre a Leia, lá de Palmas - TO, “é caro mas é muito bom”. Depois, montar a bicicleta, experimentar, voltar ao quarto, escrever e preparar para a grande largada do dia seguinte: ir de Londres a Paris de bicicleta. Agora, dar uma volta pelo centro de Londres.
Nesse domingo havia uma movimentação anormal nas proximidades do hotel. Engarrafamentos, desvios de fluxo de tráfego, etc. Ficamos sabendo da chegada de um campeonato internacional de remo, no Tâmisa, além de uma manifestação próximo à torre de Londres. Para dois pedestres foi ótimo, ficou mais fácil atravessar ruas e avenidas.

Chegamos à beira do Tâmisa justamente onde tem ancorada a caravela da rainha Elizabeth Tudor. Uma graça. Em seguida visitamos a Shakespeare Globe, um teatro onde se apresentam peças do bardo até hoje. Um prédio simbólico, sua suntuosidade repousa na representação simbólica mais que na beleza da arquitetura. Passamos ainda pela Catedral de Saint Paul, essa sim, uma suntuosidade. Depois de um sanduiche voltamos ao hotel. Descanso e observação do trajeto no mapa. A partir do dia seguinte teríamos uma travessia de cento e quarenta quilômetros até Newhaven, cidade onde atravessamos o canal da Mancha. Deveríamos fazer, e fizemos, o trajeto em dois dias e meia. As fotos do dia em Londres estão em

segunda-feira, 9 de junho de 2014

LONDRES, AQUI ESTOU EU!


06/09/2013

Às seis horas da manhã, despertar, café rápido com Bernard e Hélène, e ela nos leva à estação de trem de Sainte-Geneviève-des-Bois, para pegar o RER C em direção a Paris. Sainte-Geneviève-des-Bois é uma comuna francesa (ou seja, uma pequena cidade) na região administrativa da Ilha-de-França, no departamento de Essonne. Estende-se por uma área de 9,27 km². Em 2012 a comuna tinha 34 195 habitantes. Como a maioria das cidades francesas, ela é bem pequena.  Segundo uma lenda da cidade, nesse lugar Santa Genoveva teria feito emergir uma fonte de água milagrosa. A cidade tem belos edifícios históricos, entre eles dois castelos, uma igreja antiga e um cemitério russo. E o RER é uma rede de trens ligando cidades da Ilha-de-França (ille-de-france), a região que tem Paris como sede regional, além, claro, como a sede do governo francês. Pegamos o RER das sete horas para Paris e não estava cheio, foi uma boa escolha de horário. Trocamos de trem na estação de Saint-Michel, em Paris, do RER C para o RER B, direto para a Gare du Nord (Estação do Norte) tomar assento no EuroStar, de 10h13min, rumo a Londres.

Paciência foi necessária, tínhamos uma bicicleta desmontada, dentro de uma grande bolsa. Como a bolsa tinha mais de oitenta e cinco centímetros foi necessário despachá-la no depósito de bagagem do trem. O despacho é feito na última loja do fim da via número um, vinte e nove euros, e o pacote seguiu no mesmo trem. Depois? Preencher a ficha de imigração da Inglaterra, passar na alfândega registrar a saída da França, em seguida outra alfândega registrar a entrada na Inglaterra: o que farão em Londres? Onde se hospedarão? Quando voltam? Onde está o bilhete de volta? Perguntas simples, mas decisivas e devem ser respondidas com firmeza, senão não se viaja. Em seguida, raio X e sala de espera. Claro! Um cafezinho expresso com um croissant (tem esse nome por ter a forma de lua crescente) e um jornal Le Libération (http://www.liberation.fr/) do dia para as notícias desse lado do mundo.

Terminei a leitura do jornal dentro do Eurostar, já com muito sono e dormi quase toda a viagem. Londres chegou e ops! Chovia. Mas chegamos. Estação Saint-Pancras. E então, pegar a bicicleta em algum lugar dentro da estação, um escritório da Euro-Despach. Nas informações não se sabia direito onde ficava, alguém nos disse que seria em uma das saídas da estação e que encontraríamos indicações pelo caminho. Sim, haviam indicações de direcionamento, só que era muito longe. De fato, era próximo a uma das saídas, a mais longe de todas. Pelo menos era perto da saída do metrô, então, forçosamente teríamos que passar por aquele caminho.

Metrô, linha Northernline, até a estação Borogh para chegarmos até o hotel (Novotel Southwark London) hotel como qualquer outro da rede Novotel (Accord, eu creio) que existe pelo mundo afora, inclusive no Brasil. O pacote com a bicicleta desmontada não era tão pesado (quinze quilogramas), era incômodo de carrega-lo rua afora. O quadro da bicicleta batia em minha perna e, à noite, a dor ainda persistia.
No hall do Novotel encontramos Arthur, Alice e Roberto: Arthur e Roberto foram meus companheiros da aventura Londres-Paris em bicicleta. Guardamos a bagagem o hotel e fomos, Silvania e eu, dar um passeio nas imediações e procurar algo para comer. Disseram-nos que a melhor relação custo-benefício seria almoçar em um Pub, um prato feito em torno de cinco libras. Comemos dois pratos escolhidos no cardápio e dois chopes Budweiser 300ml. Total: 14 Libras. Em seguida um sono recuperador pois ninguém é de ferro.


Esse sono durou até as dezenove horas. Horas bem dormidas. Dormimos um pouco além da conta e nos desencontramos de nossos amigos na hora do jantar. Fomos então ao Vapiano, em Great Guildford Street (http://uk.vapiano.com/en/home/). No cardápio do restaurante e nos suportes de copo de cerveja tem uma inscrição, em italiano, bem interessante: - “chi va piano, va sano e va lontano”. Esse é um restaurante de massas, simples, bem próximo ao hotel e com bom serviço. Escolhe-se a massa, os temperos preferidos que irão acompanhá-la, tudo fica pronto em cinco minutos. Escolhi penne a carbonara (queria tagliatelli, não tinha mais, era tarde). O chope era um Peroni, uma marca de cerveja fundada em Vigevano, na Itália, em 1846. Muito bom! Tudo delicioso, simples, rápido e caprichado. Depois de tudo isso, uma bela noite de sono nos esperava.




segunda-feira, 2 de junho de 2014

RELATOS DE VIAGEM À PATAGÔNIA - DIA 06


14 de março de 2014

Atividade do dia: levantar as 03h30min da madrugada, café as 04h00, saída rápida para a estação rodoviária, partida de ônibus as 05h00 para Punta Arenas, no Chile, com uma parada em Rio Grande.

Dormi boa parte da viagem até Rio Grande. Nessa cidade tivemos que trocar de ônibus para chegar a Punta Arenas, mas era preciso, primeiro, passar no escritório da Tachi Austral, a empresa de ônibus, confirmar a viagem e, segundo, ir até a polícia federal carimbar o passaporte. Feito isso entramos no ônibus, que demorou a sair porque todos os passageiros deveriam fazer o mesmo. No ônibus recebemos um cafezinho, um sanduíche e duas medialunas (croissants). Depois, boa viagem.

Minha leitura de viagem foi o livro “El prisionero de la verdad – Bertrand Russel” de Elisa Bonilla, da editora Alfaomega Colombiana, de 2003. E foi uma ótima e surpreendente leitura. Destaco aqui alguns pontos interessantes do livro, citações e comentários.

“Cada pessoa possui um conhecimento que não possuem aqueles cuja experiência é distinta da sua e esta experiência não pode ser expressa completamente de maneira verbal. E se recorre a métodos científicos para contar a experiência, essa se perderá e ficará espalhada em um deserto de poeira. O mais pessoal de cada experiência tende a evaporar-se durante o processo de tradução da linguagem.”

Por isso, também segundo Bertrand Russell, não se traduz conhecimento quando se muda de linguagem para comunicar-se. Na verdade, criamos outro conhecimento. E cada um que dele se apropria, o amplia de uma forma muito pessoal.

“Espaço e tempo, tal como os conhecem os seres humanos, não são, em realidade, tão impessoais como pretende a ciência. O espaço e o tempo dos seres humanos tem o aqui e o agora... Todo nosso conhecimento dos fatos proveem de um outro espaço-tempo, que é a pequena região que ocupamos nesse preciso momento.”

O caminho da felicidade

“Quando um homem sacrifica sua própria felicidade (...) tende a invejar os que gozam de um menor grau de nobreza, e esta inveja, a miúdo, volta cruel e destruidora aos que se creem santos.”

Já vi isso muitas vezes, principalmente em algumas mães que dizem ter se sacrificado a favor de filhos. Quando assustam, estão velhas, solitárias e reclamando o tempo perdido.

“Se observar homens e mulheres à sua volta que mereçam ser chamados de felizes, comprovará que todos eles tem coisas em comum. O mais importante é uma atividade que proporciona por si mesma certo prazer e que, além disso, é criativa. É impossível ser feliz sem ter alguma atividade, e uma atividade que não seja excessiva ou desagradável”.

Temos visto muito dessa ideia em nossas atividades de Coaching, pessoas felizes trabalham em coisas que amam fazer. A atividade é agradável quando está claramente encaminhada para a finalidade que se deseja, considerando as habilidades trabalhadas pelo indivíduo em sua formação como ser humano.

“Se alguém saudável e sem problemas econômicos que ser feliz, precisa de duas coisas: primeiro, uma estrutura estável construída em torno de um propósito central (um projeto); segundo, porque o faz exclusivamente porque é divertido e não cumpre nenhuma outra finalidade séria”.

Após muitas horas de viagem chegamos à fronteira com o Chile. Que maluquice! Tivemos que descer do ônibus com nossas bagagens de mão e passá-las por um escâner (as malas grandes, no bagageiro do ônibus, foram cheiradas por um cão farejador de drogas). Em seguida fomos ao escritório da polícia aduaneira carimbar nossos passaportes. Quando o Mercosul fará igual à Comunidade Europeia? Os europeus não carimbam passaporte ao viajar de um país a outro dentro da Comunidade. Isso significou um atraso na viagem de mais de uma hora.

Carimbados os passaportes, cheiradas as malas, escaneadas as bagagens de mão, partimos. Transitamos umas duas horas, ou mais, em uma estrada plana e de terra onde nada se vê além de aves, muitas aves, e carneiros, muitos carneiros. Nada de tráfego, nada de casas, e muito vento. E assim chegamos no ponto de travessia do Estreito de Magalhães, sem ponte, travessia a ser feita de barco. E o que encontramos? Uma fila de ônibus, caminhões e carros, e motos, todos esperando o barco que não vinha porque o vento estava muito forte. O vento balançava o ônibus e quase nos jogava ao chão quando caminhávamos. Segundo escutamos, o vento tem sentido contrário à correnteza do estreito e isso o torna muito perigoso. Na hora em que escrevia os rascunhos desse texto, 16h, havia mais ou menos uma hora que estávamos parados e sem perspectiva de atravessar o canal tão logo. E o vento, o poderoso vento, decidiu que devíamos esperar um longo tempo, mais de cinco horas.

Enquanto isso terminei a leitura do livro sobre Bertrand Russell. Ao final do livro tem trechos de textos escritos por ele. Claro que não é nada comparado a sua obra, enorme. Ajudou-me, no entanto, a pensar em duas ou mais coisas interessantes que muito se aproximam de pensamentos e atividades que me ocupam agora, em torno do Coaching. Uma é o conceito de “aqui e agora”, outro é o conceito de felicidade. Tentarei fazer, aqui, uma ligeira aproximação entre essas ideias.

Em primeiro lugar, Russell afirmava que cada pessoa possui um conhecimento único e intransferível por simples tradução de linguagem, principalmente verbal, e que esse depende de sua experiência individual. E se se recorre a qualquer método de tradução, esse conhecimento se evapora como gotas de água no deserto arenoso. Interessante que, ao trabalhar com divulgação científica, sabemos que, hoje, cada pessoa, ao se aproximar e tentar se apropriar desse conhecimento pode criar um outro, pessoal, e ligado à sua experiência anterior. A comunicação da Ciência chegou, nos anos dois mil, a uma conclusão que Russell já afirmava cinquenta anos antes.

Segundo, isso acontece porque os seres humanos tem uma noção de espaço e tempo que não é impessoal como pretende a Ciência. O espaço e tempo dos seres humanos tem um Aqui e Agora. E todo nosso conhecimento dos fatos provem de um certo espaço-tempo que é a pequena região, aquele minúsculo ponto do universo onde plantamos nossos pés nesse exato momento. Ou seja, tudo que sei, eu o sei porque estou aqui, nesse ponto, agora, nesse instante, com toda minha bagagem, minha mochila, minha experiência de vida.

Com relação à felicidade, Russell nos dá uma razão simples para não abdicarmos da nossa: quem abdica da felicidade, mesmo por uma causa qualquer, tem inveja daqueles que não o fazem, e essa inveja pode voltar, de forma cruel e destruidora, contra essas pessoas. Ademais, Russell afirma, pessoas felizes tem uma atividade prazerosa e criativa. E que é impossível ser feliz sem uma atividade, desde que ela não seja excessiva ou desagradável (precisamos do ócio criativo, ele também quase dizia). E essa atividade é agradável quando encaminhada para uma finalidade, um propósito, sem contrariar os instintos do indivíduo. Ou seja, Russel já afirmava, hoje confirmamos, a felicidade pode ser encontrada em atividades com um objetivo definido, agradável, e em paralelo a talentos e conhecimentos adquiridos.

Resumindo, e trazendo para a linguagem do Coaching:
i.    o conhecimento é pessoal e intransferível e depende de nossa posição no mundo, aqui e agora, ampliando a experiência de cada um;
ii.   essa busca de conhecimento pode trazer felicidade desde que ligada a uma atividade prazerosa, criativa, ligada a um objetivo, e que o sujeito a realiza principalmente porque é divertida.


Chegamos a Punta Arenas às 23h, fomos direto ao hotel, nos instalamos e saímos para jantar. O restaurante La Piedra é perto do hotel Plaza, e muito bom. Comemos peixe, todos, o meu prato foi uma “Merluza a lo Pobre”. Não sei porque o nome Lo Pobre, mas tem batatas fritas, e dois ovos fritos sobre o peixe. Estranho e muito bom. E a cerveja local uma delícia. Os preços? Salgados. Trinta e oito mil pesos para quatro pessoas, aproximadamente cento e setenta reais. Considerando o fato de que estávamos em Punta Arenas, sul do Chile, no meio de quase nada, então está bem. Estava de férias. Dormimos a uma hora da madrugada e acordamos as cinco e meia, tomamos café as seis horas, e as sete pegamos uma van que nos levou a um lugar onde tomamos um barco para chegar à ilha dos pinguins de Magalhães.

CARTA PARA EU CRIANÇA

  Não me lembro do dia em que esta foto foi tomada. Minha irmã, essa aí dos olhos arregalados, era um bebê de alguns meses e eu devia ter me...