domingo, 26 de maio de 2019

20190526: CAMINHOS DO SERTÃO - NARRATIVA 02

Iniciei o planejamento de minha caminhada do sertão fazendo uma lista de checagem para não deixar nada passar batido e chegar em Vila Sagarana desprevenido e despreparado. O primeiro item da lista é o atestado médico comprovando minha aptidão para fazer a caminhada. Liguei para minha médica de 15 anos de consulta semestral, ela conhece a minha saúde mais que ninguém ao ponto de me salvar de um diagnóstico errado feito por outro médico (desconfiei e liguei para ela), não era nada como eu supunha.  
O segundo item é pensar como chegar a Vila Sagarana na hora marcada. São 600 km de Belo Horizonte. Planejo ir de carro para não ficar pelo caminho, nem me atrasar. O que significa 08 horas de estrada. Tranquilo.  
O terceiro item é fazer um planejamento de preparação física e mental. Esse planejamento apenas intensifica o que eu já faço regularmente: caminhadas, corridas, pedaladas, musculação e meditação. A caminhada do sertão tem um trajeto de 186 km a ser percorrido em 7 dias, o que dá uma média de 26 km por dia. Essa é uma distância um pouco maior que a trajetória de minhas pedaladas 3 a 4 vezes por semana. Saio de minha casa, dou uma volta na Lagoa da Pampulha e volto para casa. Exatos 24 km. Meu planejamento é ir ampliando minha preparação física e um tempo antes da viagem fazer a volta na Lagoa a pé. Um bom teste.  
Mas, sem mais nem menos, um pequeno problema surge. Nesse sábado, 25 de maio, eu estava participando de uma feira em Contagem, vendendo livros, quando sofri um pequeno acidente. Ao final da feira carregava livros e mesas de volta para a caminhonete quando pisei em um buraco da rua e torci o tornozelo. Inchaço imediato e dores fortes. Ainda bem que longe da data da viagem e com tempo de sobra para melhorar. Comecei ontem mesmo o tratamento e hoje, um dia depois, o local já está bem menos inchado. A preparação continua e enquanto não posso voltar à caminhada e corrida, faço exercícios de musculação para braços, troncos e alongamentos. E meditação, claro. Vamos em frente.  

sexta-feira, 24 de maio de 2019

20190524: O CAMINHO DO SERTÃO – NARRATIVA 01



UHHUUUUU! Fui selecionado para participar do Caminho do Ser-Tão: De Sagarana a Grande Sertão: Veredas. “Uma imersão sócioecoliterária no universo de Guimarães Rosa. Entre sol, areia, mitos, realidades, sorrisos, abraços e um encharcar-se de sertão” (https://caminhodosertao.com.br/). Fiz a inscrição no site, enviei pelos correios uma Carta de Declaração de Afetos e aguardei ansiosamente o resultado. Mais de 400 inscritos e 80 foram selecionados. Maravilha.
Serão em torno de 180 km de caminhada em 7 dias. E antes mesmo de sair o resultado eu intensifiquei a minha preparação física e mental para o acontecimento. Corro, pedalo, caminho, faço ginástica e musculação todos os dias. E entro de cabeça no universo da literatura de Guimarães Rosa. Eu já li vários de seus livros, eu escrevo poemas baseados nesta releitura de Rosa, mas a partir de hoje esse universo roseano passa a ser minha alimentação cotidiana.
Como já fiz em outras viagens (Londres-Paris no Pedal e Passeio na Patagônia), minha intenção é tecer um relato sobre a viagem e sobre a minha percepção da mesma: pessoas (principalmente) e lugares serão objetos-personagens desta narrativa que se inicia hoje. Aqui vão os dados da caminhada:
TEMA: DIÁLOGO – tempo para a escuta do outro
DATA: de 06 a 14 de julho de 2019
INÍCIO: Vila de Sagarana, município de Arinos/MG
FINAL: município de Chapada Gaúcha
TRAJETO: Vila de Sagarana, Morrinhos, Vila Bom Jesus (igrejinha), Fazenda Menino, Barra da Aldeia, Serra das Araras, São José do Barro Vermelho, Vão dos Buracos, Chapada Gaúcha.
Fiz a lista de checagem e o primeiro ponto é o Atestado Médico. A consulta com minha médica está marcada.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

A Ciência pode ser mostrada na poesia?



Segundo o escritor e astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, recentemente falecido, “O melhor método para conhecer a cultura científica em determinada época é estudar as obras literárias e/ou publicações não especializadas que se utilizavam do conhecimento científico ensinado nas universidades naquele período”. E ele afirma isso em seu livro Astronomia em Camões, editado no Rio de Janeiro pela Lacerda Editores em 1998. Ele mostra, em seu livro, que o grande escritor português Luiz Vaz de Camões foi o primeiro escritor do hemisfério norte a descrever, em seus poemas, a constelação Cruzeiro do Sul, já que ele participou das navegações portuguesas no final do século XV. Desde então tivemos várias publicações literárias como romances, contos e poesias que descrevem, mesmo que indiretamente, o conhecimento científico da época de sua publicação.
Na poesia brasileira, em particular, podemos ver isso em vários autores. Augusto dos Anjos fala de Química em seu poema Psicologia de um Vencido; Murilo Mendes escreve sobre o caos em seu triste poema Estudo para um Caos; Vinícius de Moraes escreveu a Bomba Atômica; Cecília Meireles também não fugiu a temas de Ciência em Máquina Breve; Gilberto Gil musicou o poema de Arnaldo Antunes chamado A Ciência em si, etc. São muitos os casos, embora pouco divulgados e comentados, mesmo nas aulas de Português e Literatura. Por essa razão eu tenho estudado o tema da Ciência na Poesia e parte desse estudo eu tive a oportunidade de apresentar a alunos de Ensino Médio e Superior no CEFETMG em um seminário sobre Ciência e Poesia. Sobre o tema escrevi e publiquei o poema que segue.

POESIA E CIÊNCIA - Paulo Cezar S. Ventura

Poesia é ampliação da linguagem:
existe para avançar seus limites
explicar o inexplicável
exprimir o inexprimível
prolongar o alcance das inteligências
abrir janelas do universo extensível
antecipar o avanço das ciências.
Entendemos os amanhãs
lendo a poesia de hoje.


Paulo Cezar Santos Ventura
Rolimã Editora Ltda – rolimaeditora@gmail.com 


CARTA PARA EU CRIANÇA

  Não me lembro do dia em que esta foto foi tomada. Minha irmã, essa aí dos olhos arregalados, era um bebê de alguns meses e eu devia ter me...