Quinze anos. Espinhas no rosto deixando marcas na timidez e na autoestima. Cabelos anelados e despenteados antecipavam um movimento que corria pelo mundo e logo chegaria ao Brasil. Era 1968, “o ano que não terminou”. Ano também em que conheci os Beatles e dei meu primeiro beijo na boca. A timidez era tanta que o beijo foi iniciativa dela, uma menina de nome Soninha. Meu primeiro poema foi para ela.
E como surgiu esta coisa, espantosa, de escrever poemas? Meu
pai comprou uma enciclopédia (o google físico da época), o Tesouro da
Juventude. Que eu li do primeiro ao décimo oitavo volume. Ele era dividido em
Livros, entre eles o Livro da Poesia. O primeiro poema do Livro da Poesia do
primeiro volume da enciclopédia era “SE”, poema que Rudyard Kipling escreveu
para seu filho.
“Se
és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses, no entanto, achar uma
desculpa...”
Quando eu li esse poema bateu minha primeira vontade de
escrever. Eu já me saia bem na escrita, minhas notas em Português eram melhores
nas redações, o que me garantia boa média nas avaliações. No entanto, foi a
partir das leituras dos poemas do Tesouro da Juventude que me senti
impulsionado a escrever.
Curiosamente, Kipling era o gênio dos contos curtos. E,
hoje, escrevo poemas e contos curtos, microcontos, embora sem a influência
direta dele. Meus primeiros poemas eram simplórios, lógico. Não fiz carreira na
literatura, escolhi a Ciência porque minha outra paixão, provavelmente mais
forte na época, ou mais prática, era a Matemática. Escrever, entretanto, foi um
passatempo contínuo. Fui professor, criei filhos e escrevi poemas. Guardados nas
gavetas até o advento dos computadores. Da gaveta foram para os disquetes, para
os pen drives, para os blogues, para as nuvens. E para os livros que
começaram a surgir com a aposentadoria profissional.
A poesia, em mim, é imprescindível. Não vivo sem ela. O
tempo, no entanto, me ensinou a escrever em outros tons, outras letras. Escrevi crônicas como exercício de escrita e linguagem. E a crônica se
tornou também imprescindível. Cheguei, depois, aos microcontos, que também se
tornaram imprescindíveis.
Poemas, crônicas e microcontos. Estas são minhas letras. O
que pretendo com isso? Escrever cada vez mais e melhor. Escrever, publicar,
vender. É o lema que chamo de meu. É o que quero fazer o resto de minha vida. E
que minha vida seja longa.
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