Histórias e Reflexões sobre os Sabores da Existência
Antes que você, leitor, estranhe o título dessa narrativa e das próximas que irei publicar neste espaço, darei uma merecida explicação. Serei ligeiro nas palavras porque penso também que meus leitores sejam inteligentes para criar uma narrativa apropriada a seu pensamento e suas crenças possíveis.
Jiló é uma pequena fruta de uma planta herbácea, o jiloeiro,
originária da África Ocidental, trazida para o Brasil durante o período
colonial. Como foram dos países da costa do Atlântico que os pretos
escravizados pelos europeus vieram para o Brasil, muito provavelmente foram
eles que nos ofertaram com essa iguaria tão especial.
O fruto tem um característico sabor amargo. Alguns não
gostam de seu sabor e vêm com uma justificativa também herbácea: — a vida já
bem amarga, porque gostaria de jiló? Primeiro, essa é uma frase características
dos pessimistas. Os mais realistas pegariam esse fruto amargo e fariam um
guisado daqueles especiais, por exemplo, comendo-o com um bife de fígado
acebolado, ou o acrescentariam em um cosido de carne.
Na verdade, a característica mais importante do jiló é que
ele absorve os temperos e os sabores dos acompanhamentos a que ele se ajunta no
prato. O sabor do jiló é aquele que damos a ele. Para mim, é uma metáfora interessante
sobre a vida que construímos para nós.
Considerando isso tudo isso e tendo a metáfora do jiló como
sabor da existência, gostaria de contar porque estou aqui e vim para ficar.
Minha ideia é a cada semana estar presente neste espaço para contar histórias sobre
a diversidade da vida. Meu nome é Paulo Cezar Santos Ventura, mas usarei apenas
o codinome de Paulo C. S. Ventura, que será a semente de minha marca pessoal. Neste
mês de fevereiro completei setenta e dois anos de idade, sou físico de
formação, não deixei de sê-lo, mas acrescentei a escrita como uma continuidade
da antiga profissão.
O que faço hoje, e faço disso um propósito de vida, é contar
histórias, minhas histórias, em diversos formatos: em livros, vídeos, fotos, painéis,
postagens curtas em algumas redes sociais, postagens mais longas em outras.
Minha intenção é escrever e contar histórias que cutuquem as pessoas, que mexam
com suas emoções e que possam, após lê-las, dizerem: eu também poderia ter
escrito isso, porque essa história se parece comigo. E se você quiser me contar
sua história também, eu a ouvirei e talvez a coloque no papel, ou ajude você a
escrevê-la, caso precise de um empurrãozinho para isso.
O que eu quero, de fato, é ajudar na construção de um futuro
melhor que o passado. Quero, ao partir (que demore muito ainda) deixar um mundo
melhor que aquele que encontrei setenta e dois anos atrás. Ou melhor ainda,
deixar no mundo pessoas melhores que aquelas que encontrei em minha vida. Quero,
também, ser uma pessoa melhor que a que sou hoje. Como fazer isso? Tenho apenas
algumas ideias, mas espero contar com sua ajuda para isso.
Qual o tamanho da mochila que carrego para isso? Não tão
grande. Trago aquilo que juntei na vida, quase nada material, mas um grande patrimônio
imaterial. Sobre esse patrimônio escreverei aqui neste espaço, semanalmente.
Meu mundo cabe em minha mochila, onde tem um livro, um
canivete (todo homem devia ter um canivete, símbolo fálico poderoso que
trazemos desde a infância vivida no interior), uma chave de fenda, uma caneta, um
caderno de anotações (poesia não avisa quando vem), um par de óculos (presente
do portal do tempo), uma agenda (sou homem de compromissos) e muitas
lembranças.
E aqui vai também a primeira receita de jiló. Pegue dois
jilós médios (ou mais se tiver acompanhantes), lave-os e corte-os em tiras bem
finas. Coloque-os em uma vasilha e tempere com azeite de oliva, sal do Himalaia
(tem mais magnésio), pimenta do reino ou calabresa e orégano. Sirva-se com um
palito ou garfo e saboreai-o. Vai bem com uma cerveja gelada ou uma cachaça da
boa. Essa receita é para os fortes.
Obrigado pela leitura e até breve.
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