10/05/2015
Hoje é dia das mães, segundo domingo do mês de maio. Acordei
com câimbras. Meu primeiro pensamento não foi para minha mãe, foi para a minha
panturrilha, ela doía forte. Como acordar com câimbra? Deveria acordar relaxado! Minha companheira acorda muito cedo, fica remexendo na cama até decidir se
levantar. Eu fico mais um pouco, dou mais um cochilo, levanto-me uma hora
depois. Com câimbras, hoje. Nada a ver com o dia da mãe, com quem almoçarei
daqui a pouco. Eu, manos e manas. Uma delas fará uma feijoada.
A panturrilha ainda dói. A semana passei curtindo gripe, em
repouso. A falta de atividade física da semana foi a responsável pela tensão
muscular. Meu primeiro pensamento ao acordar foi de me vestir adequadamente e
ir correr. Não pude. Já que não foi possível correr, vim escrever. Contar para
o mundo (não sei qual o tamanho de meu mundo, sempre penso nele de forma
ilimitada) que eu escrevo em vez de correr. Substituí atividade física por
atividade mental. Ginástica para o cérebro no lugar de ginástica para o corpo.
Preciso das duas, na verdade. O corpo se acostuma a correr, o cérebro se acostuma
a ler e escrever.
Quanto à minha mãe, ela me espera, sempre. Ela sempre quer
que eu passe em sua casa para ouvi-la. Eu sou o filho que a escuta sem julgar,
sem lhe dizer para fazer assim ou assado. Não apenas eu, claro. Ela, no entanto,
reclama, alguns não a escutam, outros a escutam mas a repreendem por algumas
coisas que ela faz, julgam-na velha. E ela não é velha, apenas excessivamente
idosa. Como se ela, aos oitenta e oito anos, fosse dar atenção às repreensões
que ouve.
Ela tem incríveis histórias, e perde a memória
pouco a pouco, daí sua necessidade de contar e recontar aquilo que lembra. Faz
parte das tradições tribais perpetuar suas tradições pela fala. Nós ouvimos e
rimos e ela fica feliz com nossas risadas. Rimos por dois motivos: primeiro,
ela as conta com sua graça particular e sempre rimos de novo; segundo, já as
ouvimos mais de uma centena de vezes. As histórias, geralmente, são as mesmas,
contadas com precisão de vírgulas e dois pontos. De vez em quando ela nos
agracia com uma história nova. Nova, quer dizer, já a ouvimos apenas uma dezena
de vezes e há muito não a contava. Cabe-nos ouvir, e recontar à nossa maneira.
Cabe-nos reverenciar seu legado, alimentar a plantinha que ela nos deixa e nos
alimentarmos dela.
Valeu mãe. Nota dez para você.
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