quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O PROCESSO DE ESCRITA DO LIVRO – (01) 0 COTIDIANO

Na reunião do grupo IncentivArte de 03/11 percebi minha falha em um quesito colocado pelo edital do programa, justamente o de tornar público, nos âmbitos do mesmo, o processo de criação. Como sou da área de Literatura, resolvi escrever sobre o meu processo em geral, com ênfase na escrita do livro produto deste programa.

Serei, portanto um pouco mais amplo que contar a escrita do livro em si, mas de como eu crio, desde que decidi me dedicar a este ofício. A ideia aqui não é contar do passado, mas dos meus dias de hoje como escritor. Serei suscinto, no entanto.

Eu não tenho uma rotina de escrita, do tipo faço sempre tudo igual. Na verdade, faço sempre tudo diferente, meus dias nunca são iguais. Mas eu tenho uma série de ações que são inerentes às atividades do escritor, que se somam aos meus outros papéis sociais, que são: marido de uma companheira também escritora, e também musicista, compositora, professora de violão, cantora de coral, membro de uma bada de choro e outra de cordas e mãe de uma dentista cantora; pai de alguns filhos e filhas; avô de alguns netos e netas, irmão de muitos; filho de uma mulher quase centenária. Faltou a tutoria de três cães e quatro gatos. Impossível definir horas de fazer as coisas.

Mesmo assim, há coisas que faço todos os dias, mesmo em horários variados, pois são necessárias e inerentes ao processo criativo: atividade física (uma caminhada mais uma série de ginásticas), é necessária para colocar o corpo em movimento e me sentir em forma; respiração controlada e meditação, para manter o equilíbrio emocional e a saúde em pauta; um banho frio (ou melhor, dois ou três por dia) sempre ajuda a me manter animado; muita leitura, pelo menos umas cinquenta páginas por dia; audição de música variada, para meu deleite e também para coparticipar do processo criativo de minha companheira; alimentação bem balanceada, pois preciso de mais proteínas e menos carboidratos: e, claro, escrever todos os dias quantas páginas eu der conta.

Como a minha proposta é a escrita de crônicas contando as histórias de pessoas, preciso de tempo para muita conversa. Isso eu adoro fazer, conversar. E ler autores especialistas em crônicas. Tenho, portanto, me dedicado especialmente à leitura de alguns especialistas no ramo: Fernando Sabino, Luís Eduardo de Carvalho, Leandro Bertoldo, Humberto Gessinger, Lya Luft, Oswaldo França Júnior, Evaldo Balbino, entre tantos outros. Mas quem mais influencia minha escrita, hoje, é uma contista excepcional, totalmente desconhecida, porque seu primeiro livro será publicado agora, quando ela chega aos noventa e três anos, e tenho a sorte de ser seu primeiro leitor, o cara que revisa seus textos. Seu nome: Maria de Lourdes Guanabarino de Souza e Mello, ou simplesmente Maria Simello. Vocês terão notícias dela.

Não posso deixar de registrar quem são os autores que mais influenciaram minha escrita ao longo da vida. Eles moldaram minha forma de escrever e devo a eles o fato de acreditar que posso vir a ser como eles. Vir a ser porque me considero um escritor em formação. Sempre escrevi, mas só levei a sério a escrita como um ato de fazer, após meus sessenta anos.

Estou certo que não darei todos os nomes, por esquecimento e também porque muitos foram importantes em determinadas fases em minha vida. Cito alguns, brasileiros e brasileiras. Posteriormente citarei alguns estrangeiros. Ana Cristina César, Mário Faustino, Tiago de Melo, Machado de Assis, Oswald de Andrade, Rachel de Queirós, Jorge Amado, Ruben Braga, Carlos Drumond de Andrade, Fernando Sabino, Afonso D’Ávila, Murilo Rubião, etc.

Antes de terminar não poderia deixar de citar a escrita de microcontos, como um ritual cotidiano. Faço parte de um grupo de Facebook que escreve microcontos todos os dias. A organizadora do grupo publica, todos os dias, uma palavra. Devemos escrever, então, um microconto de até trezentos caracteres, em que a palavra publicada apareça.

Como a palavra pode não me trazer inspiração de imediato, uso de uma estratégia para cumprir o estabelecido. Entro no site dicio.com.br e encontro outra palavra aleatória que lá aparece como palavra do dia. A vantagem do site é que ele já traz o significado da palavra. Assim, escrevo um microconto em que as duas palavras aparecem. E já tenho três livros de microcontos prontos para serem publicados.

Caras e caros, é assim que passo a maior parte dos meus dias, só para cumprir o papel, escolhido por mim, de escritor.

 

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