Uma senhora idosa aproximou-se do balcão do banco com passos lentos, mas firmes. Estendeu o cartão bancário ao caixa e, com uma voz serena, pediu:
— Gostaria de
sacar 100 reais.
O caixa, sem
sequer disfarçar o desdém, mandou-lhe um olhar rápido e respondeu, seco:
— Para saques
inferiores a 200 reais, utilize a máquina automática.
A velhinha
ergueu ligeiramente a sobrancelha, como quem pesa as palavras, e perguntou com
calma:
— E por quê?
Impaciente, o
caixa suspirou e devolveu o cartão sem ao menos olhá-la nos olhos:
— São as
regras, senhora. Há outras pessoas esperando. Use o caixa automático.
O silêncio
que se seguiu foi curto, mas carregado de significado. A velhinha pegou o
cartão de volta, olhou-o por um instante e, com um leve sorriso, inclinou-se
ligeiramente para o caixa:
— Nesse caso,
poderia me ajudar a sacar todo o saldo da minha conta?
O caixa
hesitou. Digitou alguns números no computador e, de repente, sua expressão
mudou. Levantou a cabeça com um ar surpreso:
— Senhora…
tem 50.000 reais na conta. Não posso lhe entregar esse montante agora. Terá que
voltar amanhã.
Ainda
tranquila, a velhinha inclinou-se um pouco mais e perguntou:
— Entendo… E
quanto posso retirar neste momento?
Já sem
paciência, o caixa resmungou:
— No máximo, 3.000
reais.
— Ótimo —
disse ela, sem hesitação. — Quero sacar 3.000 reais, por favor.
Com um
suspiro longo e carregado de frustração, o caixa começou a contar as notas
lentamente, empilhando-as com gestos mecânicos e irritados. Minutos depois,
empurrou o dinheiro para a velhinha, mal escondendo sua irritação:
— Algo mais?
A senhora
pegou calmamente o dinheiro, guardou uma nota de 100 reais na bolsa e, sem
pressa, deslizou os 2.900 reais restantes de volta para o balcão:
— Sim, por
favor. Gostaria de depositar esse valor na minha conta.
O caixa
congelou. O silêncio que antes era breve agora pesava no ar.
A velhinha
sorriu, virou-se e saiu com a tranquilidade de quem já aprendeu, ao longo dos
anos, que paciência e inteligência vencem qualquer arrogância.
Moral: Nunca
subestime a experiência de quem já viu o mundo girar muitas vezes. A sabedoria
não se impõe, mas sempre encontra um jeito de se fazer respeitar.