quinta-feira, 27 de novembro de 2014

LONDRES-PARIS: SEXTO DIA DE PEDAL


13/09/2013

Ao acordar, não me lembrava que era sexta-feira treze, dia dos azares possíveis e inacreditáveis. Sem acreditar nos azares possíveis e inacreditáveis da vida, levantei-me, tomei uma ducha e desci para o café da manhã no Hôtel Moderne, em Gisors. E pela primeira vez não acordei com os roncos de meus colegas de viagem, tão cansado estava depois de pedalar os oitenta quilômetros do dia anterior. Chovia muito finamente e, logo, logo, tomamos a estrada, que agora seguia rumo a Cergy (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cergy). A decisão de ir até Cergy foi tomada na estrada, para dizer a verdade. Faltavam cento e vinte quilômetros para o destino final, Paris. Como estávamos em forma e a rota a partir de Gisors era de poucas subidas e descidas, refizemos nosso propósito de fazer o trajeto em três dias e resolvemos fazê-lo em dois. Sessenta quilômetros por dia era uma meta mais que viável. Foi uma boa decisão.

O caminho seguia por pistas exclusivas para bicicletas até Bray-et-Lû. Na paisagem, fazendas, vilas e castelos. Tão parecida e tão diferente das paisagens anteriores. Nas fazendas, menos criação de bovinos, mais plantações de milho, beterraba para o açúcar, e outros. Em Bray-et-Lû retomamos as estradas compartilhadas. A remarcar o Château de Villarceaux (http://villarceaux.iledefrance.fr/), um belo castelo no meio do nada. Depois de Villarceaux, Maudéton-em-Venin, Arthies, Wy-dit-Joli-Village, Gadaucont, Avernes, Théméricourt, Vigny (essa uma vila um pouco maior), Longuesse, Sagy e, finalmente, Cergy.

A etapa do dia foi tranquila, a registrar apenas o encontro com um casal que fazia o mesmo trajeto que nós. Saíram de Londres e chegavam a Paris. Na verdade, eles não chegariam a Paris de bicicleta. Ao final do dia, em Cergy, eles tomariam o trem, porque queriam estar em Paris no sábado. Pedalamos mais ou menos próximo por algumas horas e quando paramos para almoçar nossos sanduiches eles seguiram em frente. A registrar ainda o fato de que chegamos a Cergy e ninguém sabia nos informar onde haveria um hotel no centro que hospedasse ciclistas e suas bicicletas sujas. Finalmente perguntamos a um senhor montado sobre uma enorme motocicleta, dessas com potência de mil e duzentas cilindradas. Ele nos sugeriu segui-lo que ele nos conduziria a um hotel fora do centro. Nós o seguimos, e um quilômetro depois ele nos mostrou um hotel Formule Un, da rede Accord, à beira da rodovia de saída da cidade. Foi muita gentileza dele conduzir sua potente moto devagar tal que pudéssemos acompanhá-lo em bicicletas, e nos mostrar o hotel, provavelmente fora de seu trajeto habitual. Esse foi um lado extremamente positivo da viagem: o encontro com pessoas desconhecidas que se dispõem gentilmente a ajudar. Como os europeus adoram aventuras eles sempre ajudam aventureiros do mundo inteiro. E isso torna nossa viagem mais curiosa e interessante. Obrigado a todos esses ilustres desconhecidos.


O hotel Formule Un tem uma quantidade enorme de pequenos quartos. Todos iguais, com uma cama de casal e uma cama suspensa sobre a cama de casal. Pela primeira vez dormimos em dois quartos. E levamos as bicicletas para os quartos pois não havia onde colocá-las. O WC e a sala de banho (assim que os chamam na França, e são separados) ficam no corredor e são autolimpantes. Após o uso eles se lavam automaticamente. Assim estão sempre limpos. Bem em frente ao hotel havia um restaurante chinês autosserviço, com comida variada e farta, dezesseis euros por pessoa. Autorizamo-nos acompanhar de um Saint-Emillion Grand Cru 2005, trinta e um euros a garrafa, maravilhoso. Depois disso tudo, foi só cair na horizontal que o sono veio logo.

Foto 1: Roberto, eu e a garrafa de Saint-Emillion
Foto 2: A caminho de Cergy
Foto 3: Uma das muitas esquinas do caminho
Foto 4: Ainda a caminho de Cergy, trajeto pelsa fazendas de beterraba
Foto 5: A chegada em Cergy.







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