Cheguei aos sessenta e nove anos. Até aqui a estrada foi árdua, com pedregulhos e poças d’água, mas também com alegrias, emoções, muitas emoções, e trabalho. Muito trabalho. Durante mais de quarenta anos fui professor. Há exatos oito anos deixei de sê-lo. Não que não amasse a profissão, apenas porque pensei ser hora de fazer outras coisas na vida.
Esta transição para “fazer outras coisas na vida” não é
fácil. Primeiramente, comecei a trabalhar com consultorias para instituições
escolares. Uma consultoria para uma instituição em Juiz de Fora, Minas Gerais,
permitiu-me bons ganhos, bons relacionamentos que passaram a barreira do
profissional e muitas viagens. O que é bom, no entanto, chega ao final, diz o
ditado.
Por mais que me preocupasse com essa transição e tivesse
oportunidade de escolher o caminho a seguir, a profissão exercida por muito tempo
gruda na gente como carrapicho. Uma vez professor, sempre professor. Voltar à
sala de aula, no entanto, estava fora de questão. Como tudo em minha vida
aconteceu por acaso, mais um se tornou realidade. Passei a escrever livros e
produzir outros.
Na verdade, agora conto histórias, uma forma diferente de
ser professor. Ser escritor era um sonho de juventude. Sempre gostei de escrever.
Faltava, no entanto, a disponibilidade para isso e, principalmente, o talento.
Que vem com a prática, com muita escrita jogada fora. Não há talento no mundo
que se adquire sem muito trabalho, sem muito treino. Hoje, tenho a coragem e
audácia de dizer que faço isso bem, e continuo treinando. Escrevo todos os dias
simplesmente para escrever melhor. Como um atleta que treina diariamente para
competir no fim de semana. Como o músico, que treina uns quatro meses para um
concerto. Quer ser bom em algo? Treine muito. Porque histórias para
contar, temos muitas, contá-las bem, é outra história. Sou um eterno aprendiz.
Estou naquela idade em que as pessoas perguntam: - o que
você fez para chegar tão bem nesta idade? Tem algum segredo? Há, sim, alguns
segredos. Quem quiser uma mentoria sobre como envelhecer bem, entrem em contato
e me contratem. Segredos dados, de graça, não têm valor. Conto um só, como um
bônus: o bom humor. Fundamental. Sem bom humor, não se chega a lugar nenhum.
Meu projeto agora é chegar aos noventa e seis. Com bom humor
e com muitos amigos. Ter amigos é outro segredo. Acabei contando mais um. Claro
que não é fácil manter o bom humor e ter muitos amigos. Comece treinando o
sorriso, este é de graça e faz um bem enorme para quem o recebe. Abre muitos
caminhos. E prepare-se para “fazer outras coisas na vida”. Com amor!
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