05/09/2013
Na manhã do dia cinco, quinta-feira, por volta de dez horas
e depois do café da manhã, Bernard e eu fomos até a loja DECATHLON comprar a
bolsa de carregar bicicletas desmontáveis (housse, em francês). Encontramos
exatamente como vimos na internet e ao preço indicado (70 Euros). Aproveitei
para comprar também um calção de pedalar, não daqueles coladinhos usados pelos
ciclistas, bundudo que sou, acho que fica meio esquisito em mim, mas um calção mais
largo embora com uma almofada para proteger cu e testículos (12 euros).
Quase tudo pronto, faltava desmontar a bicicleta e colocá-la
dentro da embalagem. Começamos a fazê-lo quando Hélène nos chamou para o almoço:
peixe apenas ligeiramente cozido, legumes também cozidos (tomate, vagem,
cenoura, batatas, abobrinha), um molho caseiro ao alho, delicioso, e vinho rosé
(um Terre des Oms, um collioure rosé 2011, de Banyuls-sur-Mer, France).
Delicioso. Claro, com queijos diferentes, iogurte e uvas como sobremesa.
Deliciado o almoço, voltamos aos arranjos para guardar a
bicicleta. Retiramos os pedais, as rodas, colocamos bicicleta e acessórios
dentro do envelope, da housse. Depois fui pedalar com a bicicleta de Hélène em
um parque próximo, em torno de um lago. Pequeno azar, depois de uns três
quilômetros de pedalada o pneu furou, meia volta, volver, empurrando a
bicicleta para voltar para casa. Aproveitei para correr um pouco e cheguei em
casa suando. Hora, então, de arrumar a bagagem para ir para Londres.
À noite tivemos a visita de um casal amigo de nossos
anfitriões, e que eu conheci em outras viagens que fiz até a casa deles:
Philippe e Janine. Não os via havia tempos, são muito simpáticos e agradáveis.
Horas de calma agora.
O jantar foi muito interessante. Philippe apertou forte a
minha mão, grande consideração de apreço. As pessoas não se abraçam na França,
salvo se são realmente muito amigos. O aperto de mão, o sorriso, e a frase “je
suis très content de te revoir, Paulo”, foram suficientes para o momento e
indicadores de apreço. Ele e Bernard são amigos de muitos anos, e o máximo de
intimidade entre eles é esse forte aperto de mão, o olhar e o sorriso. Philippe
chegou às 19h45min e Janine, sua esposa, às 20h10min. Ela estava em um ensaio
de canto, pois no fim de semana seguinte ela cantaria em algum lugar. Não é
cantora profissional, participa de um movimento associativo, comum na França, todos
os cidadãos fazem parte de alguma associação para fazerem coisas coletivamente,
um processo muito interessante e que deveria ser copiado, com devidas
adaptações, por nós, brasileiros.
Quando Janine chegou já tínhamos bebido quase uma garrafa de
champagne, da casa Huré Frères, trazido por Philippe. Champagne simplesmente
deliciosa, de um produtor considerado pequeno, que não vende em supermercados,
apenas em algumas casas especializadas na França, ou no local de produção. A
champagne é uma bebida muito particular, tem esse nome por ser produzida e
engarrafada na região de Champagne, com uvas locais e com denominação
controlada. Isso significa que outros fabricantes de espumantes, de outras
regiões do mundo, não podem chamar seus espumantes de champagne. Questões
comerciais envolvidas no processo.
Os franceses sempre comem pratos frios e pratos quentes
servidos separadamente, pratos frios como entrada. No jantar desse dia o prato
frio foi composta de uma tigela de chips de legumes (ainda raro no Brasil),
carnes, no caso pequenos bifes de boi e porco servidos frios, maionese caseira
e mostarda de Dijon, uma menos picante que as habituais a meu paladar. O prato
quente foi um assado de verduras e legumes muito bom. Eram tiras finas de
tomate, abóbora daquela fina e comprida, cortada em rodelas, beterraba,
pimentão, todos cortados em tiras e colocados na vertical na tigela e levados
ao forno por vinte minutos. O prato se chama TIEN. O vinho tinto da noite foi o
Fréderic Mabileau, vinho de Saint Nicolas de Bourgueil, pequena cidade do Vale
de la Loire.
A conversa foi extremamente agradável, rimos muito, o
assunto rolou solto e leve. O que temos em comum é a profissão de professor, a
alegria de aprender sempre e de compartilhar conhecimentos e técnicas com os
amigos queridos. Um dos assuntos foi a má distribuição de renda..., na França.
Vejam só. E no Brasil? Nem distribuição de renda temos, nem boa, nem má.
Depois desse jantar especial, fomos dormir para levantar
cedo e viajar.
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