terça-feira, 8 de setembro de 2015

AUTOBIOGRAFIA DESAUTORIZADA VIII


Minha autobiografia, mesmo sendo desautorizada, e talvez por isso mesmo, vem sendo acompanhada por alguns leitores fieis. E eu pensei que ninguém se interessaria por memorialices desmesuradas. Imagino que, pelo seu caráter de narrativa não autorizada, poderia ser revelador de segredos inconfessáveis, o que, de fato, não acontece. Tenho recebido recados de amigos e filhos de amigos perguntando se eu escreveria sobre tal ou qual episódio com pessoas tais ou quais citados como protagonistas de algum episódio. Pode até ser, se tal ou qual episódio se manifestar interessante, no entender do autor, para a continuidade da narrativa, ela vai aparecer. Portanto, aguardem.

Como eu escrevi em algum momento anterior, eu não me lembro muito dos episódios de meus tempos de ginásio, ou seja, meus tempos de Liceu Imaculada Conceição, em Nova Lima. O que lembro já escrevi. Caso algumas lembranças surjam no decorrer de minha narrativa, eu os contarei desde que necessárias para a sequência dos ocorrimentos. O fato, de fato, é que me transferi para o Ginásio Estadual Augusto de Lima, bem na metade do quarto ano porque, na minha imaginação, seria mais fácil ingressar no curso científico da mesma escola. Dessa mudança tenho boas lembranças. Porque fazia parte do currículo da nova escola a disciplina Francês como língua estrangeira. E lá fui eu estudar francês, quem diria. Quem adivinharia que essa mudança teria alguns efeitos futuros em minha vida?

Pois bem, comecei a estudar francês com dois professores diferentes: uma bela professora (nos dois sentidos) moradora da rua Chalmers e filha de um juiz de paz da cidade; e também um senhor pouco formal que morava em uma casa grande depois do Bicame e falava como se estivesse de boca cheia, eu o achava engraçado. Os dois eram muito bons e me ensinavam com métodos diferentes. Um dia tive que fazer uma prova de francês, na escola, um ditado, em que eu deveria escrever as frases ditadas pela aplicadora da prova. Essa professora era irmã da outra, também simpática. Ao final da prova de ditado eu fui aprovado e aceito oficialmente na Escola Estadual Augusto de Lima.

Tenho ótimas lembranças de minha professora de francês, eu a encontrei várias vezes em minha vida. Mais tarde, já na Universidade, descobri que ela era professora da Faculdade de Educação. Foi um prazer revê-la e a partir de então, sempre que nos encontrávamos conversávamos muito. Ficamos quase amigos. E a língua francesa entrou para minha vida. Cismei que gostava da língua e comecei a ler revistas francesas, principalmente revistas de fotografia. Continuei estudando francês irregularmente, comecei vários cursos, imaginei que não era muito dotado para esse tipo de aprendizagem até que fui morar na França, muitos anos depois, e descobri que, de fato, eu não gostava de estudar língua estrangeira, talvez por causa dos métodos adotados no Brasil, mas quando situado no local em que se fala aquela língua, aí sim, eu me dedico a aprendê-la.


Os anos de escola estadual, a partir de meus quinze anos e cursando o científico, aí sim, é um recomeço de vida. Mas isso é assunto para o próximo capítulo. Aguardem. Quanto aos leitores, aviso que as aventuras boas de minha vida começam aos quinze anos. Até aqui os acontecimentos foram aperitivos para o que virá em seguida. Aguardem.

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