Minha autobiografia, mesmo sendo
desautorizada, e talvez por isso mesmo, vem sendo acompanhada por alguns leitores
fieis. E eu pensei que ninguém se interessaria por memorialices desmesuradas.
Imagino que, pelo seu caráter de narrativa não autorizada, poderia ser revelador
de segredos inconfessáveis, o que, de fato, não acontece. Tenho recebido
recados de amigos e filhos de amigos perguntando se eu escreveria sobre tal ou
qual episódio com pessoas tais ou quais citados como protagonistas de algum
episódio. Pode até ser, se tal ou qual episódio se manifestar interessante, no
entender do autor, para a continuidade da narrativa, ela vai aparecer. Portanto,
aguardem.
Como eu escrevi em algum momento
anterior, eu não me lembro muito dos episódios de meus tempos de ginásio, ou
seja, meus tempos de Liceu Imaculada Conceição, em Nova Lima. O que lembro já
escrevi. Caso algumas lembranças surjam no decorrer de minha narrativa, eu os
contarei desde que necessárias para a sequência dos ocorrimentos. O fato, de
fato, é que me transferi para o Ginásio Estadual Augusto de Lima, bem na metade
do quarto ano porque, na minha imaginação, seria mais fácil ingressar no curso
científico da mesma escola. Dessa mudança tenho boas lembranças. Porque fazia
parte do currículo da nova escola a disciplina Francês como língua estrangeira.
E lá fui eu estudar francês, quem diria. Quem adivinharia que essa mudança
teria alguns efeitos futuros em minha vida?
Pois bem, comecei a estudar francês
com dois professores diferentes: uma bela professora (nos dois sentidos)
moradora da rua Chalmers e filha de um juiz de paz da cidade; e também um
senhor pouco formal que morava em uma casa grande depois do Bicame e falava
como se estivesse de boca cheia, eu o achava engraçado. Os dois eram muito bons
e me ensinavam com métodos diferentes. Um dia tive que fazer uma prova de
francês, na escola, um ditado, em que eu deveria escrever as frases ditadas pela
aplicadora da prova. Essa professora era irmã da outra, também simpática. Ao
final da prova de ditado eu fui aprovado e aceito oficialmente na Escola
Estadual Augusto de Lima.
Tenho ótimas lembranças de minha
professora de francês, eu a encontrei várias vezes em minha vida. Mais tarde,
já na Universidade, descobri que ela era professora da Faculdade de Educação. Foi
um prazer revê-la e a partir de então, sempre que nos encontrávamos conversávamos
muito. Ficamos quase amigos. E a língua francesa entrou para minha vida. Cismei
que gostava da língua e comecei a ler revistas francesas, principalmente
revistas de fotografia. Continuei estudando francês irregularmente, comecei
vários cursos, imaginei que não era muito dotado para esse tipo de aprendizagem
até que fui morar na França, muitos anos depois, e descobri que, de fato, eu
não gostava de estudar língua estrangeira, talvez por causa dos métodos
adotados no Brasil, mas quando situado no local em que se fala aquela língua,
aí sim, eu me dedico a aprendê-la.
Os anos de escola estadual, a
partir de meus quinze anos e cursando o científico, aí sim, é um recomeço de
vida. Mas isso é assunto para o próximo capítulo. Aguardem. Quanto aos
leitores, aviso que as aventuras boas de minha vida começam aos quinze anos.
Até aqui os acontecimentos foram aperitivos para o que virá em seguida.
Aguardem.
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