segunda-feira, 8 de maio de 2023

OS MOTIVOS PARA SORRIR, MEU VELHO

Tem coisas que a gente devia aprender na escola e não aprende. Uma das mais importantes é como lidar com o dinheiro. Em todas as circunstâncias: como ganhar dinheiro, como gastar bem, como economizar, como aplicar no mercado financeiro, como entender o mercado, esse ser esotérico, metafórico, colérico, que nos parece meio mágico.

Segundo conta o Vô Ventura, o dinheiro que ele ganhava na infância vendendo verduras nas ruas, ele entregava para seu pai. A família tinha poucas posses e aquele dinheiro ajudava bastante no cotidiano da família. Ele não ficava nem com uma comissão de suas próprias vendas. Esse foi o grande erro do bisavô. Porque o Vô trabalhava pra caramba naquela horta, plantando couves e tomates, alfaces e inhames. Deu um duro danado, mas não aprendeu a lidar com o dinheiro. Sua vida poderia ser bem diferente se aprendesse sobre finanças, além das hortaliças. Sobre como usar o dinheiro ganho com a venda das hortaliças que ele plantava.

Hoje ele escreve livros, suas novas hortaliças. Ele não come seus livros, nem mesmo metaforicamente. Porque aprendeu a escrevê-los, não a vendê-los. Precisa urgente, a esta altura de sua vida, aprender a vender. Trabalhou como empregado, ganhando um salário mensal que, sabemos, é sempre bem menor que o real valor do trabalho entregue.

É assim o mundo dos negócios, o mundo do trabalho. As organizações e empresas pagam apenas a sobrevivência de seus empregados, nunca os seus sonhos, nunca o que suas competências valem.

As pessoas envelhecem. Depois de algum tempo não conseguem mais viver do trabalho, apenas daquilo que a sociedade, os governantes e os patrões dizem que ele vale. O que é sempre bem menos que o valor real da vida, do suor, das dificuldades, dos aprendizados, das competências e saberes de cada um.

Às pessoas idosas sobram as histórias, as memórias, coisas que não enchem suas cansadas e esfomeadas barrigas. A fome aqui não é só das perdidas hortaliças. É a fome da tranquilidade, da realização, da valorização do legado deixado. Tudo aquilo que importa à pessoa idosa, que vai muito além do dinheiro e do que ele pode comprar. E o dinheiro não compra o sorriso do rosto. Este vem de graça, desde que haja motivos para sorrir. 

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