Um dos exercícios que preciso
fazer para eliminar certas crenças enraizadas em meus pensamentos íntimos e
negativos é afirmar constantemente os meus resultados adquiridos na vida, as
coisas que eu construí durante a minha existência para ter sempre a certeza de
que eu sou capaz, eu sou poderoso, eu sou o máximo. Sim, eu sou capaz, eu sou
poderoso, eu sou o máximo. Por isso, uso este espaço de minha autobiografia
desautorizada para autorizar-me (apenas eu tenho o poder de fazer isso) a
relatar as grandes e boas coisas que fiz na vida e dizer ao mundo: eu tenho a
força; a força está comigo, eu tenho o poder, eu sou o máximo. Porque realizei
grandes coisas. O relato a seguir não é apenas uma lista de realizações, mais
que isso, é uma reverência a meus fazeres.
Hoje eu sei que o grande poder
das realizações está nas ações. Parece redundância [realiza + ações]. E ações
estão ligadas aos afazeres, ao “levanta da cadeira e vá fazer alguma coisa”.
Sempre fui mais parado que o necessário, mesmo assim fiz grandes coisas. Quando
garoto ainda eu trabalhei em uma lavoura junto com meu pai. Arrendamos um
terreno brejoso próximo a nossa casa e fomos plantar. Era um vale com um grande
brejo no meio, mas vimos que a água era de nascente no local e de boa
qualidade. Então fizemos um canal para escoamento da água para um córrego
vizinho com uma tampa que nos permitia barrar o fluxo de água, formando uma
pequena represa, o que nos garantia água pura e em quantidade suficiente para
regar nossa plantação. E ali plantamos inhame, mandioca, beterraba, cenoura,
batata baroa, e outros legumes. No quintal de nossa casa plantávamos verduras e
tomates. Com isso tínhamos sempre o que complementar o arroz, o feijão e o macarrão
de todo dia. E crescemos fortes e saudáveis. A venda dos produtos na rua nos
aportava um dinheiro a mais que garantia as compras de roupas, sapatos e
cadernos para os estudos. Essa foi minha primeira grande realização.
Na escola eu me garantia e tinha
ótimas notas. Era conhecido como aluno inteligente e com isso fiz alguns amigos
que se interessavam por mim. Outros, é claro, só queriam que eu lhes passasse
cola nas provas. Foi minha inteligência, entretanto, que me fez crescer na vida
e passar no vestibular de Física antes de completar dezoito anos. Meu segundo
grande feito foi fazer uma faculdade no tempo certo, trabalhando, sem receber
um tostão dos pais. Tive minha independência aos dezoito anos. E o trabalho
sempre bateu à minha porta. O estudo definiu minha profissão: professor desde
os dezoito anos. E passei nos concursos que fiz: professor na Universidade
Federal de Viçosa em mil novecentos e setenta e oito; aluno do mestrado em mil
novecentos e oitenta e um; professor na PUCMG em mil novecentos e oitenta e
sete; professor na Universidade Federal de São João del Rei em mil novecentos e
oitenta e nove; professor no CEFETMG em mil novecentos e noventa e três; aluno
de doutorado na Universidade de Paris XI em mil novecentos e noventa e seis e
na Universidade de Borgonha em dois mil, doutorando-me em dois mil e um. Sou
doutor e doutorei-me com louvor. Uma grande plateia veio assistir à minha
defesa de tese. Grandes realizações.
Como professor eu ajudei a formar
muita gente. Não tenho a conta de quantos alunos eu tive na vida. Foram
quarenta anos de magistério, com uns duzentos alunos por ano, em média, somando
oito mil alunos, no mínimo (penso que avalio por baixo). Entre eles, tive uns
cem alunos de especialização, outros tantos de mestrado, dos quais orientei
vinte e cinco, e participei de cinquenta e uma bancas de mestrado e doutorado.
Nos cursos técnicos, de graduação e pós devo ter orientado uns mil projetos
diferentes. É ou não é um grande somatório de realizações?
Nos trabalhos de consultoria eu
também ajudei bastante a muitas pessoas, escolas e secretarias de educação. A
minha participação em projetos do CAED de Juiz de Fora foi muito profícua,
permitiu-me aprofundar em questões curriculares importantes que hoje são
afirmações de políticas públicas na educação. Publiquei uma dezena de artigos,
escrevi uma dissertação de mestrado, uma tese de doutorado, publiquei três
livros. E hoje trabalho como consultor e editor. Como coach já ajudei uma
dezena de pessoas a realizarem seus desejos de crescimento.
Na vida pessoal, eu não posso me
gabar tanto, mas tive dois filhos, cuidei de outros dois, construí uma casa de
duzentos e cinquenta metros quadrados, onde morei por quinze anos, e tenho
ainda um apartamento de oitenta metros quadrados em um local valorizado. Tinha
uma esposa de temperamento difícil, mas que gostava de mim. Separamos, mas isso
é outra história. Mais culpa minha que dela, fui negligente no casamento. Tenho
muitos amigos queridos e várias pessoas me acompanham nas redes sociais. Posso
afirmar, com certeza, que realizei muito.
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