I – As montanhas
Adoro montanhas. A primeira memória que me vem à cabeça são
memórias de montanhas. Cordilheiras inteiras. Cresci em uma cidade montanhosa,
com estradas sobe-desce, curva pra lá – curva pra cá. De fazer cidadão das
planícies ter enjoos até ficar amarelo. Quando viajava para minha cidade eu
podia cochilar tranquilo. Para saber se estava próximo de minha casa era só
abrir um olho e olhar a montanha ao lado. Pelas curvas da montanha eu sabia se
estava chegando. Se era hora de descer do ônibus. Nunca errava.
Minha casa de infância e juventude ficava em frente a mata
ao pé da serra. A mata era nosso quintal e nosso esconderijo. Nossa diversão.
Subi naquela serra inúmeras vezes, penetrando a mata, atravessando córregos.
Ora rápido, ora devagar. Feliz, como sempre.
Mais tarde na vida subi outras montanhas. Escalei montanhas,
à unha, na Serra do Cipó, para nadar em cachoeiras do alto do morro, Cheguei ao
cume do Mont Blanc, nos Alpes franceses, por três vezes. Aquele clima gelado me
entorpecia de emoção. Era estranho, para mim, ter um sol claro e a temperatura
a menos dez graus. Em uma de minhas subidas, enquanto esperava o teleférico que
me levaria da parada intermediária até o alto, eu tirei a blusa e a camisa para
sentir o sol gelado nas costas. Queimava, mas de frio.
Recentemente eu subi o Mirador del Condor, no Chile. Uma
montanha alta embora nem tão difícil de escalar. Sem necessidade de
instrumentos, apenas as mãos e a coragem. Tenho uma foto minha levantando o
punho tipo Pantera Negra. Feliz com a conquista daquela visão da outra
montanha, em frente, a dos ninhos dos pássaros.
Depois de tantos movimentos pela vida, voltei às montanhas de minha cidade da infância. Agora quero encontrar tempo para subir novas montanhas. E fazer novos registros para contar ao anoitecer.
As montanhas são como muralhas de encantamento e acolhem as nossas emoções! Eu também sou apaixonada pelas montanhas. Tanto que tenho uma música que se chama Mar de montanhas, feita exclusivamente para homenagear nossa amada Minas Gerais! Parabéns por mais essa linda crônica e por tantas belas lembranças de suas escaladas!!!
ResponderExcluirObrigado, Valéria. Crônicas são minha praia.
Excluir