II – Fotografia do nascer do sol
Saí antes do nascer do sol. O céu estava claro e uma brisa, ainda fria, soprava em minhas orelhas. Meu destino naquela aurora era a praia. Queria fotografar o nascer do sol, que geralmente vinha como uma bola gigante e quente em meio às nuvens vistas ao longe dando um colorido especial onde o céu e o mar se encontram. Minha máquina fotográfica? Uma pequena Xereta, bem menor que os atuais aparelhos celulares que transforma todos seus possuidores em fotógrafos.
Na praia, os primeiros raios luminosos demarcavam o local
onde o sol iria nascer. A praia estava absolutamente deserta. Notei a presença
de um pequeno barco ancorado ali onde as ondas beijam a areia. Posicionei-me em um bom local, onde poderia enquadrar o sol e o barco, conforme a regra
dos terços que eu havia aprendido em leituras sobre fotografia das revistas catadas
nas bancas para facilitar meu entendimento da arte.
Só faltava um barqueiro para completar o quadro, pensei. E
quando acabei de pensar, um homem apareceu de um dos inúmeros becos que conduziam
àquela praia, sempre movimentada com o sol mais alto. Só falta ele parar no
barco no momento que o sol nascer, pensei de novo. Como dizem que quando você
pensa algumas coisas acontecem, aconteceu. O homem era o barqueiro, chegou e se
abaixou ao lado do barco e começou a trabalhar com o intuito de colocá-lo no
mar.
No exato momento em que ele se põe a remar, a bola de fogo
solar cresce, se torna gigante e o céu se avermelha. Cliques, cliques, cliques.
Eu estava no lugar certo, no enquadramento perfeito, a cor era perfeita, a foto
saiu perfeita. Muito boa para um aprendiz de fotografia.
Eu a perdi nas andanças da vida. A cena ficou gravada na
memória. E hoje, mais de quarenta anos depois, a registro para contar depois do
anoitecer. Que ela fique também depois de meu anoitecer, daqui ainda muitos
anos, claro.
Meu amigo Paulo ,apesar de ter perdido a foto ,a imagem dela e daquele momento ficaram clicadas e estão guardadas na memória e no coração através do seu belo relato
ResponderExcluirObrigado, meu caro. A imagem veio de forma tão nítida que parecia que tinha a foto nas mãos.
ResponderExcluirÉ surreal, quando o fotógrafo e a cena registrada se encontram e se dialogam no mesmo momento do clic! Acredito que a fotografia é uma sublime e majestosa forma de guardarmos nossas preciosas memórias! Recorte encantador de suas lembranças do fundo do baú para a caixinha de recordações especiais.
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