terça-feira, 29 de outubro de 2013

PÁSSAROS, AINDA


Minha relação com pássaros é quase corporal. Eu faço questão de escutá-los todos os dias. Em meu pequeno latifúndio de quatrocentos metros quadrados (um pouco menos pois a área constrruída ocupa uns cento e vinte metros quadrados) moram sabiás, bentivis, cambaxirras, saíras, beija-flores e um joão-de-barro no poste da fronteira. E eles cantam. Às vezes todos juntos. O mais fiel á uma pequena cambaxirra que inicia sua ópera às cinco horas da matina e só para por volta de dez horas quando o calor se torna mais forte. Nunca vi cantar tanto e tão bonito! O sabiá começou a cantar esta semana, depois das aulas de voo de seus filhotes (sentiu-se livre de sua obrigação de criar?). O canto do sabiá também é maravilhoso. Aprendi a gostar até dos guinchos estridentes das saracuras que passeiam pelo ribeirinho em frente, bem cedinho a nos acordar.

É essencial ouvir os pássaros. Os cantos agudos deles são os primeiros que perdemos quando começamos a ficar surdos. Se os escutamos ainda não estamos nos ensurdecendo. Bom exercício de presença e auto conhecimento cotidiano. Mais uma razão para trabalharmos pela não extinção dos pássaros. Eles nos ajudam a nos reconhecermos como seres humanos. Cantam pela nossa humanidade. E escutar os pássaros é muito melhor que axé, funck e sertanejo dos vizinhos, esses sim, ruídos infernais a nos enlouquecer.

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