sexta-feira, 10 de abril de 2020

DIÁRIO DA QUARENTENA VII - 09/04/2020


Levanto e vou escrever. E assim começo os dias, em todos os dias de quarentena. Ou melhor, em quase todos. Depende de que horas acorda minha companheira. Ela é um pouco mais dorminhoca que eu, acordo mais de uma hora antes dela. Há dias em que começo a escrever e volto para a cama, se ela está acordada fico com ela mais um pouco. Aí, já viu, né? O corpo pede um chamego, um carinho, e ... a manhã começa mais tarde, o texto se interrompe e continua depois. Hoje, como meu dedão do pé estava ferido, não voltei para a cama. Isso porque, ao me levantar apanhei o celular em algum lugar da casa (não o deixo no quarto), ele escorregou de minha mão. Para que não chocasse com o chão o moço aqui, em um reflexo de atleta ninja o amortece com o pé. Qual pé? Aquele com o dedão ferido. O pé mais ágil, o esquerdo. E onde o aparelho cai? Adivinhou se respondeu que ele caiu exatamente em cima do dedão do pé esquerdo. Passada a dor, café com ela e começo a escrever.
Hoje precisei levar uns livros ao correio para despachá-lo para um amigo que me comprou oito exemplares dos Diálogos do Ser-Tão. O Correio trabalha com horário reduzido, começa às dez e trinta e havia uma fila grande, doze pessoas para serem atendidas antes de mim, uma demora de mais de mais de trinta minutos. Depois enfrentei a fila do supermercado, e a fila de entrada lá foi de quase uma hora também. Em seguida, uma visita ao sacolão, a fila era menor, comprei o mais rápido que foi possível. Voltei para casa eram quatorze horas. Quase três horas para entrar e comprar em três estabelecimentos comerciais. Pelo menos os cuidados com a manutenção da distância, por parte dos estabelecimentos, eram visíveis.
Encontrei outra pessoa que usava o mesmo tipo de máscara caseira que eu: um lenço perfex, desses de uso na cozinha, para limpeza, dobrado e preso com uma fita atrás da orelha. EU vi uma médica ensinando a fazer através de um vídeo que me foi enviado por WhatsApp, penso eu.
Fui convidado pela Ana Cruz a participar de uma teleconferência via internet, com pessoas de seu grupo de clientes de terapia, a dar explicações sobre a parte de física quântica do livro A Cura Quântica. Procurei dar o máximo de embasamento científico para afirmar que a tal cura do autor não é quântica. É outra coisa. Que pode ser puro charlatanismo. Só que não sou dono da verdade para dizer: não é, o autor está errado. Tenho uma formação de cientista, e como tal, a dúvida é minha parceira. A dúvida é a maior ferramenta do cientista. Sem a dúvida a Ciência não avança. Por isso desconfiamos de autores que afirmam tudo com tanta certeza. Os fenômenos quânticos não se explicam com afirmações assertivas, elas se explicam com a experiência. Precisamos, então, de mais pesquisa sobre a consciência e a memória para termos um mínimo de certeza sobre os fenômenos de cura e da consciência. Senão, caímos no campo da seita.
Depois da teleconferência, que durou quase duas horas, terminamos o dia com a sopa do Guto, nosso vizinho. Que estava uma delícia.
Sigamos em frente.

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