A PARTIDA DE BELO HORIZONTE
03/09/2013
A viagem começa em Confins, nosso aeroporto internacional
onde tomamos um voo para Lisboa, escala para chegar a Paris. Tinha em mãos o
livro de Maria Augusta, Porque ler Oswald de Andrade, meu livro de cabeceira
naquele momento e que ficou esquecido dentro do avião nessa viagem. Passear,
pedalar, rever amigos e conhecer outros eram objetivos da ocasião. Lendo Oswald
de Andrade veio a ideia para um possível título de um livro de poesias que
pretendo publicar um dia: SEMENTEIRA. Porque? É algo que quero plantar, e
plantar sempre começa com as sementes, e espero fazer desse livro sementes para
outros livros que gostaria de escrever. Minha primeira ideia é publicar os
CURTAS e os OBJETOS. O primeiro são cenas curtas, como cenários possíveis de
serem filmados como curtas-metragens. Não sou cineasta, então escrevo. Também
não são roteiros, são crônicas-poemas. Posso classificar como poesias crônicas,
apelando para o duplo sentido da expressão? Particularmente a ambiguidade da
palavra crônica, como uma doença sem cura. Poesias crônicas refletiria um
aspecto de minha vida, em que escrever é um mal sem cura: crônico. SEMENTEIRA
DE POESIAS CRÔNICAS. A tentar.
A chegada a Lisboa aconteceu às 05h40min, e fizemos uma
caminhada de dois quilômetros até a porta vinte que nos leva a Paris-Orly. O
voo para Paris estava com meia hora de atraso, o que nos facilitaria a vida,
não precisaríamos correr. O dia amanhece em Lisboa às sete horas, nessa época
do ano (outono na Europa). No café do aeroporto um velho atendente nos serve um
café e nos pede moedas para facilitar o troco. Acabávamos de entrar na zona do
Euro e não tínhamos moedas. Sua primeira demonstração facial foi de
desapontamento, depois se tranquilizou e nos serviu calmamente.
O voo para Paris saiu com uma hora de atraso. Pousar em
atraso na Europa não estava em minha cabeça, no entanto, na Europa como no
Brasil, voos atrasam. Isso nos permitiu chegar calmamente à porta vinte, onde
se entra no avião para Paris. Em Paris-Orly ainda ficamos meia hora dentro do
avião à espera do ônibus que nos levaria à sala de retirada de bagagens. A
comissária de bordo nos dizia que o serviço do aeroporto estava prejudicado,
naquele dia, pela chegada do presidente da França de sua viagem ao Egito, e
isso ocupava o pessoal de serviço térreo com sua segurança.
Em Orly nos esperavam Hélène e Bernard Richoux, nossos
anfitriões, e nossos amigos na França há mais de quinze anos. São tão gentis
que nos parecem amigos de infância. É exatamente isso, encontrei novos amigos
de infância, uma raridade. Sempre que podemos nos encontramos, e isso acontece
pelo menos a cada dois anos. Desde que voltamos de nossa temporada morando na
França, em 1999, já nos encontramos sete ou oito vezes, na França e no Brasil.
Conversamos pela Internet, pelo telefone, e programamos viagens em conjunto.
Dessa vez eu usaria a casa deles nas proximidades de Paris como pouso, o
projeto do momento era ir a Londres e pedalar de volta a Paris, passando uns
dias na casa deles. Não posso deixar de registrar a presença deles em nossas
vidas. Os dois são professores de Física no nível de ensino que chamamos, no
Brasil, de Ensino Médio. Como nós também somos professores de Física, formamos
um quarteto com a mesma profissão. Por isso também trocamos impressões,
conhecimento, além do prazer de conviver e beber vinhos.
E assim foi nossa chegada a Paris, recebidos por amigos
queridos. Em seguida, os preparativos iniciais da viagem a Londres e a pedalada
Londres-Paris.
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