segunda-feira, 7 de abril de 2014

LONDRES-PARIS EM BICICLETA - DIA 01


A PARTIDA DE BELO HORIZONTE
03/09/2013

A viagem começa em Confins, nosso aeroporto internacional onde tomamos um voo para Lisboa, escala para chegar a Paris. Tinha em mãos o livro de Maria Augusta, Porque ler Oswald de Andrade, meu livro de cabeceira naquele momento e que ficou esquecido dentro do avião nessa viagem. Passear, pedalar, rever amigos e conhecer outros eram objetivos da ocasião. Lendo Oswald de Andrade veio a ideia para um possível título de um livro de poesias que pretendo publicar um dia: SEMENTEIRA. Porque? É algo que quero plantar, e plantar sempre começa com as sementes, e espero fazer desse livro sementes para outros livros que gostaria de escrever. Minha primeira ideia é publicar os CURTAS e os OBJETOS. O primeiro são cenas curtas, como cenários possíveis de serem filmados como curtas-metragens. Não sou cineasta, então escrevo. Também não são roteiros, são crônicas-poemas. Posso classificar como poesias crônicas, apelando para o duplo sentido da expressão? Particularmente a ambiguidade da palavra crônica, como uma doença sem cura. Poesias crônicas refletiria um aspecto de minha vida, em que escrever é um mal sem cura: crônico. SEMENTEIRA DE POESIAS CRÔNICAS. A tentar.
A chegada a Lisboa aconteceu às 05h40min, e fizemos uma caminhada de dois quilômetros até a porta vinte que nos leva a Paris-Orly. O voo para Paris estava com meia hora de atraso, o que nos facilitaria a vida, não precisaríamos correr. O dia amanhece em Lisboa às sete horas, nessa época do ano (outono na Europa). No café do aeroporto um velho atendente nos serve um café e nos pede moedas para facilitar o troco. Acabávamos de entrar na zona do Euro e não tínhamos moedas. Sua primeira demonstração facial foi de desapontamento, depois se tranquilizou e nos serviu calmamente.
O voo para Paris saiu com uma hora de atraso. Pousar em atraso na Europa não estava em minha cabeça, no entanto, na Europa como no Brasil, voos atrasam. Isso nos permitiu chegar calmamente à porta vinte, onde se entra no avião para Paris. Em Paris-Orly ainda ficamos meia hora dentro do avião à espera do ônibus que nos levaria à sala de retirada de bagagens. A comissária de bordo nos dizia que o serviço do aeroporto estava prejudicado, naquele dia, pela chegada do presidente da França de sua viagem ao Egito, e isso ocupava o pessoal de serviço térreo com sua segurança.
Em Orly nos esperavam Hélène e Bernard Richoux, nossos anfitriões, e nossos amigos na França há mais de quinze anos. São tão gentis que nos parecem amigos de infância. É exatamente isso, encontrei novos amigos de infância, uma raridade. Sempre que podemos nos encontramos, e isso acontece pelo menos a cada dois anos. Desde que voltamos de nossa temporada morando na França, em 1999, já nos encontramos sete ou oito vezes, na França e no Brasil. Conversamos pela Internet, pelo telefone, e programamos viagens em conjunto. Dessa vez eu usaria a casa deles nas proximidades de Paris como pouso, o projeto do momento era ir a Londres e pedalar de volta a Paris, passando uns dias na casa deles. Não posso deixar de registrar a presença deles em nossas vidas. Os dois são professores de Física no nível de ensino que chamamos, no Brasil, de Ensino Médio. Como nós também somos professores de Física, formamos um quarteto com a mesma profissão. Por isso também trocamos impressões, conhecimento, além do prazer de conviver e beber vinhos.
E assim foi nossa chegada a Paris, recebidos por amigos queridos. Em seguida, os preparativos iniciais da viagem a Londres e a pedalada Londres-Paris.


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