09 de março de 2014
Nova viagem, novos
relatos. Primeiro dia, apenas São Paulo. Às onze horas já estava no Aeroporto
de Confins esperando o voo de 12h02min que me levou ao Aeroporto de Congonhas
em São Paulo. É o primeiro ponto de parada de uma viagem de quase vinte dias.
Passei a noite em São Paulo, em um hotel ao lado do Aeroporto de Guarulhos,
ponto de saída do Brasil. Demos início, Silvania e eu (ela já estava em SP e eu
a encontrei no hotel), a uma viagem para cidades da Argentina e Chile,
começando, obviamente, por Buenos Aires. Maravilha. Para mim é um prêmio por
quarenta anos de trabalho, junto com a notícia de minha aposentadoria. Fui para
cidades e montanhas frias. Adoro cidades e montanhas frias.
Primeiro, Confins,
com partida de ônibus na Pampulha, Belo Horizonte. No ponto de ônibus tinha um
senhor fazendo terrorismo com os passageiros, dizia que ônibus para o terminal
de Confins sofreram seis assaltos em dois meses: um absurdo aterrorizante. A
violência urbana degenera a vida das pessoas, no entanto, em um domingo as 09h
da manhã, seria o cúmulo do azar. Um assalto hoje, meu primeiro dia de férias,
nem pensar! Tinha um Iphone e um Ipad e dois mil reais em minha mochila. Não
poderia perdê-los. Levava dinheiro porque a recomendação era trocar reais por pesos
argentinos nos câmbios paralelos de Buenos Aires que pagam mais que a relação
um peso igual a vinte e oito centavos de real. Onde chegamos com planos
econômicos desastrosos. Histórias de nossas nefastas políticas econômicas. A
troca de dinheiro nos câmbios paralelos locais se justificam por duas razões:
moedas estrangeiras em falta na Argentina, com os controles cambiais do governo
de lá; as altas taxas de impostos que pagamos ao governo de cá em casos de
compras e pagamentos com cartões de crédito no exterior. Dois países que
exploram em demasia suas classes médias, aquelas que movimentam o dinheiro. São
ordenamentos na contramão de uma famosa lei da natureza: faça o dinheiro
circular que ele volta para você. Não sei se a lei vale quando os governos cobram
altas comissões, à nossa revelia.
Voltando a Confins,
o aeroporto está um caos. O movimento é grande. Hoje, as pessoas viajam de
avião e o aeroporto se encontra em período de obras que nos parecem
intermináveis. Sujeira, poeira, gente perdida, informações desencontradas,
imagino como os usuários não habituadas se sentem, principalmente aqueles que
chegam a BH, ou melhor, nos Confins, e não encontram indicações que lhes
mostrem a saída. E se não falam nossa língua? Horas depois, em Congonhas, tomei
o ônibus para Guarulhos.
As histórias me
perseguem, parece. Ao pousar, todos os viajantes se levantam apressadamente
como quem quer sair logo dali, daquela lata de sardinha chamada aeronave. Em um
banco logo atrás do meu levantaram um casal com uma criança, tipo espertinha, e o
menino se põe a falar. – Pai, estou com fome. Quero comer. E eu quero comer
ovo. Tem muito tempo que não como ovo. Mas eu quero daquele ovo deitado. – Que ovo
deitado, menino? Como é isso? – Adoro aquele ovo deitado no prato. – Essa eu
nunca havia escutado.
Domingo, trânsito
tranquilo, a viagem para Guarulhos durou cinquenta minutos. Olhei a paisagem,
não cochilei. Na saída do terminal dois, caminhando para o ponto da van que me
levaria ao hotel, fui abordado por um senhor ruivo, uma senhora morena e uma
jovem branca, que se diziam família, e me pediram dinheiro. Choramingavam por
um irmão doente em Ribeirão Preto e que deveriam visita-lo e faltava oitenta e
nove reais para a compra das passagens. Disseram ser de Guaxupé, tinham a cara
chorosa e prometeram depositar em minha conta assim que pudessem. Posso ter
caído no maior conto do vigário da paróquia, eles podem ter me achado com uma
cara de otário, mas tirei cem reais do bolso e entreguei a eles, junto com os
dados de minha conta para que eles depositassem de fato. Veremos. Se a história
for verdadeira, terei colocado o dinheiro para circular e ele voltará a meu
bolso no futuro. Agora é esquecer os cem reais e dá-lo como perdido. A van do
hotel chegou e entrei nela.
Hotel próximo ao
aeroporto é um pouso em lugar nenhum, apenas um hotel perto do aeroporto. E eu
que vou para a Terra do Fim do Mundo, em Ushuaia, tive a impressão de já ter
chegado. A lugar nenhum. Subi ao quarto, passei uma mensagem à minha mulher –
cheguei. No hotel havia uma nata de pesquisadores em Ensino de Física. O
primeiro que encontrei foi o Demétrio, grande figura de Florianópolis, amigo de
longa data e grande papo. Depois foram saindo outros da sala em que se reuniam,
a maioria eu conhecia, outros fiquei conhecendo naquele momento. E o São Paulo
ganhou do Corinthians por três a dois. Depois que todos se foram, jantamos e
saboreamos um La Nina, Chardonay, Argentina, para entrar no clima.
La Niña 2011, Chardonay |
Nuvens de pipoca na chegada a São Paulo |
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