Alguma coisa me dói hoje, claro. Envelhecer é acumular dores. Alguns conseguem ir um pouco mais longe. Para esses, envelhecer bem é saber lidar com as dores e eliminá-las.
Eliminar dores não é seguir aquela máxima imbecil de que
homens não choram. Choram e alguns, como eu, choram muito, por muitas dores,
principalmente as dores emocionais. Mas é verdade também que chorar as dores,
sentir as dores, te faz mais sereno depois que a dor passa. Não se iludam. As
pessoas serenas são aquelas que souberam lidar com suas dores. Sem vínculo
direto, claro, não há relação entre dor e serenidade, o certo é que elas
coexistem.
Eu costumava dizer que um sujeito experiente era aquele que
acumulou muitos fracassos. Portanto, considerava-me experiente. Hoje, avancei um pouco esse aforismo e digo que
sujeito experiente é aquele que soube lidar com seus fracassos e tirou proveito
deles, aprendeu com eles. E lidar com as dores é que nos ensina a viver e
envelhecer bem. Isso eu aprendi também.
O que me dói hoje são meus cotovelos: tendinite. E minhas juntas: artrite. E meu ombro esquerdo: luxação por tombo. São dores que nos lembram do sinal dos tempos, que nosso corpo já não aceita alguns trabalhos
e exercícios físicos ou falta deles. Incomodam, e muito. Mas são apenas dores com as quais tenho que lidar e aprender com elas. E que me exigem calma,
sossego, pausas, paciência, massagens, alongamentos silenciosos e vagarosos e
respiração. A gente descobre que o caminho de tudo, o melhor combate às dores,
físicas e emocionais, é a respiração e seus ritmos, é a pausa que esquecemos de
dar quando jovens e que agora, na idade do amadurecimento, ou nos associamos a
ela ou nada feito.
Portanto, respire, respire. Pare. Lembre-se de se lembrar
sempre que você é sua própria doença e sua própria cura. Respire, respire....
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