Distâncias são sempre relativas. E sempre que nos afastamos
há algo que nos aproxima do ponto de origem, mesmo que distante. Minas Gerais
nunca esteve tão próximo de mim que quando morei no exterior. Dizem os mineiros
que levamos a terra junto em nossas viagens. Uma terra que gruda no fundo dos
bolsos.
Levamos os sabores, por exemplo. Do pão de queijo e da broa
de fubá, sem dúvida. Também a música. Levamos o Clube da Esquina inteiro na
mochila. Levamos a viola caipira e a moda de viola dos mucuris e jequitinhonhas
das gerais. Levamos os congados e os candombes. Mineiro é assim, talvez sejamos
todos assim. Viajamos e levamos nos bolsos nossa ancestralidade, nossa cultura.
É quando o longe fica perto. E vamos agregando outros valores. Uma coisa que
fazemos bem também é degustar a cultura alheia e nos apropriarmos dela. É a
nossa antropofagicidade, elemento presente na cultura brasileira.
Certa vez um jovem franco-libanês habitante de Marseille, no
sul da França, veio ao Brasil encontrar e conhecer seus primos
brasileiros-libaneses. Assustou-o o fato de que seus primos não falavam árabe.
Eram mais brasileiros que libaneses. Nossa antropofágica cultura se alimenta
das outras culturas. Nesse movimento inverso a distância os afastou em vez de
aproximar.
Distâncias e proximidades são relativas.
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