quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

QUE TAL SUA FAMÍLIA, MEU VELHO

Primeiro, preciso definir o que é família para mim. Não uma definição de dicionário, mas uma que seja operacional, prática, funcional, que me atenda em minhas necessidades de pessoa idosa. Ou, qual é a minha família? A quem devo me dedicar, colocar meus esforços para que ela progrida. Primeiro, eu tenho uma mãe com noventa e seis anos (no momento em que escrevo) que requer cuidado, e oito irmãos e irmãs com seus respectivos cônjuges, filhos e netos. Cada um desses irmãos tem um núcleo familiar e meu laço com eles são laços consanguíneos. Temos, com isso, uma parceria, mas não fazem parte de minhas preocupações iniciais. Se me procuram para ajudá-los em alguma coisa estou aí. Logo, não os defino como família, apenas como parentes próximos. Alguns deles ou delas são bem amigos. Todos são queridos.

Por meu lado, eu me casei três vezes. Tive dois filhos biológicos no primeiro casamento: uma filha com seu marido e dois filhos (meus netos) constituindo um novo núcleo familiar. Uma vez perguntei à minha filha quem era sua família e ela não me incluiu em sua lista. Mas ela faz parte da minha. E tive também um filho que não me procura, mal responde minhas palavras. Também lhe perguntei quem era sua família e ele, também, não me incluiu. No entanto, eles são filhos de sangue e eu me sinto tentado a procurá-los sempre e lhes dar afeto e amor. Mesmo que não queiram. No segundo casamento criei um filho e uma filha, enteados. Adotei-os como filhos. Ajudei-os a crescer, dei-lhes carinho e afeto. Ao me separar de minha segunda esposa, mãe deles, eles me isolaram completamente de suas vidas. Principalmente o filho. A filha dialoga comigo via redes sociais e quando vem ao Brasil, me procura. Opção deles, eu respeito. Apesar de todo amor que tenho a eles, devo manter distância.

Agora casei de novo. Tenho uma esposa e mais uma filha adotiva, de trinta e dois anos, adulta, madura (sic), que mora com seu companheiro. No entanto ela tem demonstrado muita consideração à minha pessoa. Ela é meio desorientada e sinto que posso ajudá-la, se ela aceitar. Então, minha família: esposa e sua filha, meus dois filhos e meus dois netos. Ponto. Família pequena, apenas seis pessoas e eu.

Eles são minha família, isso não significa que eu seja família deles, como me disseram minha filha e meu filho biológicos. Como descrevê-los em três palavras? Só posso fazê-lo considerando meus sentimentos, porque eles são tão diferentes e reagem de formas tão diferentes em relação a mim. Então: afeto, cuidado, amor. Unidirecional, meu para eles, mesmo que a recíproca não seja verdadeira. Mas a vida não é um teorema matemático. Ponto.

 

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