domingo, 6 de novembro de 2022

A BOA HORA PARA DORMIR

Parece redundância afirmar que dormir bem faz um bem danado para a saúde. Somos metralhados com informações diárias de que precisamos dormir oito horas por noite e, simultaneamente, bombardeados com tentações midiáticas nos convidando a ficar acordados. Os melhores programas na televisão passam mais tarde, as boas conversas esticam-se até altas horas, a família quer trocar ideias justo na hora do sono, as informações dos grupos de WhatsApp ficam mais interessantes à noite. Ou é hora daquele silêncio gostoso que não se fez o dia inteiro. Como resistir?

Eu, particularmente, não sou um bom exemplo de pessoa obediente, aquele que passa oito horas na cama todas as noites. Não consigo. Faz parte de meu histórico de vida. Acostumei com as seis horas de sono desde jovem. Primeiro, porque trabalhava muito. Desde criança. Com a casa cheia, muitos irmãos dormindo no mesmo quarto, cada um com horário biológico diferente, dormir oito horas era um privilégio de poucos.

Aos quinze anos comecei a estudar à noite, horário possível para fazer o Ensino Médio (com outro nome na época). Aula até dez e trinta, quarenta minutos de caminhada até em casa, lanche, banho e cama. Ou seja, dormir, só à meia-noite. Seis da manhã os manos acordavam para ir à escola e eu tinha um dia de trabalho na lavoura para ter comida farta à mesa, pois a família era grande. Sem direito à insônia, nem ao cochilo após o almoço.

Resumindo: penso que nunca dormi oito horas por noite. Nem hoje, quando sou o dono de meu próprio tempo. No entanto, não me sinto prejudicado por isso. Acordo feliz e satisfeito, animado, faço meu café e escrevo. É a melhor hora do dia para escrever produtivamente. A rua é silenciosa, as galinhas do vizinho me acordam e depois ficam em silêncio, os vizinhos são silenciosos e o sino da igreja ainda não badalou a essa hora. A temperatura está amena, com o sol brilhando ainda foscamente. Como não aproveitar esse momento de calma e solidão?

Apesar dos apelos colocados acima, não vou para a cama tão tarde. Não gosto de ver TV (só quando tem jogo do Galo), apago cedo a tela do computador, desligo o telefone portátil e pego um livro para ler. Fecho o livro quando a Madame Ventura chega à cama, porque aí, meu amigo, tenho alguns momentos de puro prazer. A idade ainda não apagou minha libido. Continuo dormindo entre onze horas e meia-noite. Às seis horas da matina acordo, às seis e meia já estou na cozinha fazendo o café, após mandar o cão e o gato para o quintal. Café pronto, primeiro gole na goela, assumo a posição em que estou agora (sentado á frente do computador). Madame Ventura acorda e vamos para a mesa do café (geralmente já com a crônica escrita). Aí o dia começa.

Faço tudo que os especialistas em sono afirmam que deve ser feito pelo cidadão saudável para viver bem e dormir bem quando a noite voltar: meditação, atividade física, boa alimentação (leve e rica), bons hábitos, nunca fumei, só uma cachacinha antes do almoço ou da janta, música nos ouvidos, vida sem estresse, conversa com os amigos, trabalho e diversão na medida certa. E agradeço muito ao universo por todas essas possibilidades. Recomendo a todos, principalmente às pessoas antigas, que sigam esse menu de boas ações para dormir bem e ter boa noite de sono.

Alguns dias atrás fiquei bem satisfeito quando um desses especialistas em sono afirmou, em um canal da Internet, que seis horas dormindo é o tempo mínimo para um bom sono. Então, estou na margem de boas práticas para ter uma vida saudável. Não estou tão fora da regra, como pensava antes.

Então, durmam bem, cada um dentro de suas possibilidades.

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