Quais as minhas obsessões, perguntaram-me. Todos têm pelo menos uma pequena obsessão, disseram-me. A esta altura da vida, o que seria uma obsessão? Teria feito alguma diferença em minha vida se eu houvesse tido uma, em algum momento da vida?
Fui ao dicionário pesquisar as várias significações da palavra
e encontrei algumas. Vejam:
i.
Preocupação exagerada com alguma coisa; apego
excessivo a uma mesma ideia fixa. Nunca tive ideia fixa com nada. Aprendi
cedo o desapego com as coisas, a fazer dar certo, mas se não der tenta-se outra
coisa.
ii. Compulsão; necessidade intensa para fazer algo ilógico ou
insensato: a obsessão pelo dinheiro. Nunca fui
insensato. Aliás, penso que sempre fui sensato demais. Nunca cometi uma loucura
grande, só pequenas loucuras. Apego ao dinheiro? Não tenho e até penso que isto
seja um defeito. O dinheiro vaza rápido do meu bolso.
iii. Impertinência; ato de aborrecer alguém com solicitações
insistentes. Se percebo que aborreço alguém, saio correndo de perto. Pode até
acontecer de eu nunca mais procurar a pessoa pelo fato dela sentir-se
aborrecida com a minha presença. Não me permito ser inconveniente nem desrespeitoso.
iv. Neurose obsessiva-compulsiva que se define pelos pensamentos, repetitivos e
compulsivos. Esse é o limite
superior da obsessão. Se não tive pequenas obsessões, passei longe das
obsessiva-compulsivas.
O que eu sempre
procurei na vida foi estar disponível para os amigos mais chegados, eles são poucos,
estar sempre de bom humor e ter a alegria como companheira. Perturbar pessoas
não é meu estilo. Sempre tive muitos amigos, muitas namoradas também. No entanto,
nunca forcei minha presença, nunca agi contra a vontade dessas pessoas. Tenho
por norma que fico melhor ainda se as pessoas próximas a mim, estão bem.
Felicidade é algo que contamina, então faço o que posso para que pessoas a meu
lado tenham seus minutos de felicidade e alegria. Porque isso me ajuda a ter meus
momentos de alegria e felicidade. Rir é muito melhor quando se ri junto a alguém.
Riso em boa companhia é uma delícia.
E não é que
acabei encontrando minha pequena obsessão? Exatamente o que descrevi acima. Fazer
os amigos felizes porque isso me ajuda a ser feliz. Isso a gente consegue com
amigos e com a pessoa amada. Semana passada, em uma palestra para jovens do
Ensino Médio de uma escola, disse que uma das coisas que nos ajudam a ser
felizes é ver a pessoa amada feliz. Precisamos, então, fazer o possível para
que ela seja feliz.
Sempre fui assim?
Claro que não. Já tive meus momentos de pessoa egoísta. Paguei o preço
disso. E não é barato. Hoje eu, pessoa idosa, aprendi que a alegria e a
felicidade aparecem em curtos momentos e em situações de convívio coletivo.
Pessoas alegres precisam estar juntas para que a alegria perdure e os momentos
de felicidade se prolonguem além do inefável. E isso se faz com os amigos.
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