sexta-feira, 4 de novembro de 2022

HOJE EU FIZ...

Início de mês é sempre difícil para todo mundo, mais difícil se torna para uma pessoa antiga (chamo de pessoa antiga às pessoas vivas que estão há mais de sessenta anos neste planeta, nesta vida). Principalmente para a pessoa antiga que, felizmente, ainda depende de si mesma para viver. De um lado, sua autonomia é uma dádiva. O outro lado é a ginástica financeira para pagar as contas, uma vez que o valor delas sempre aumenta e o da aposentadoria sempre diminui. Há solução para isso?

Sim, há solução para isso, sempre há. Soluções difíceis, no entanto. Uma delas seria a união das pessoas em uma comunidade. Viver junto e dividir as funções, as tarefas, cada um e cada uma contribuindo com o que sabe, com o que fez a vida inteira trabalhando. Mas quem nunca viveu em comunidade, quem nunca dividiu, a não ser com parentes e pessoas bem próximas, se daria esta tarefa de fazê-lo agora que é pessoa antiga? Será que as pessoas antigas estão disponíveis para deixar de lado suas chatices e ranzinzices e trabalhar em prol de bens comuns a todos?

O que fiz hoje, além de me organizar para pagar as contas do mês, foi pensar nessas questões de sobrevivência da humanidade e das possibilidades de vida em comunidade organizada e dirigida pelas pessoas antigas. Elas como protagonistas. E não como pessoas esquecidas nos asilos e casas de repouso. Será que estava sonhando?

Evidente que estou pensando em mim também. Sinto que minha inadimplência financeira se aproxima e terei que tomar decisões drásticas para resolvê-la ou, pelo menos, administrá-la. Por enquanto ainda posso me dedicar ao trabalho. Até quando? O trabalho sempre depende da memória, um artigo que começa a faltar às pessoas antigas com a minha idade. Ontem, ao escrever um poema, tentei me lembrar do nome de uma ave noturna muito conhecida. Eu já tive uma população dela em meu sótão. Tive que recorrer à memória de minha companheira para lembrar. Qual ave? O morcego. Tirei o morcego do poema, vejam só!

Ainda bem que o morcego não reclamou. Imagino que eles não estão habituados em aparecer em poemas, como o sabiá, o canário, o rouxinol, aves cantantes. Até a cambaxirra já apareceu em um poema de minha autoria. A cambaxirra é uma ave desprovida de penas coloridas e outras belezas, mas canta como poucas de nossa região.

Assim passo os dias: pensando em soluções para meus problemas e imaginando que muitas pessoas, principalmente as antigas, têm problemas comuns. E resolvendo os meus poderia estar ajudando muitas outras também a resolverem seus problemas. Tenho uma oportunidade: como escrevo, preciso encontrar um tema que venda, que pessoas se interessem e leiam. Preciso escrever aquele livro que irá emocionar as pessoas e elas indiquem umas às outras para que comprem. Estou neste ponto. Alguém tem alguma sugestão?

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