quinta-feira, 10 de novembro de 2022

PRAZERES DE UMA PESSOA IDOSA

Este é meu assunto predileto. Embora não tenha dados factuais (preciso fazer uma pesquisa bibliográfica sobre o tema) para falar em nome da pessoa idosa, minha leitura e conversas com as pessoas me permite escrever uma crônica pessoal sobre o prazer. Sou uma pessoa idosa que ama a vida e seus prazeres. Principalmente os pequenos prazeres.

São inúmeras as fontes de prazer de meu dia a dia. Sempre as descobrimos, as possibilidades são infinitas. Novidades surgem dependendo de circunstâncias e contextos. Cito, então, as atuais, considerando que minha lista não apresenta nenhum ordenamento de qualidade e intensidade. São apenas fontes de prazer. Uma delas, uma das mais importantes, devo ressaltar, é entrar com Platão na caverna da felicidade. São os melhores momentos dos últimos tempos, principalmente se considerarmos o atual estágio das relações humanas em decorrência da pandemia que ainda existe, embora muitos insistem em não a reconhecer.

Depois seguem outros prazeres, alguns minúsculos, outros nem tanto. O primeiro gole de cerveja depois de uma acalorada atividade física, tomando a decisão de uma cachacinha antes para servir de guia. É um minúsculo prazer pela durabilidade da ação, mas enorme na sensação que tal ação acalenta. Não sou alcoólatra, sei dos perigos da bebida e tenho absoluto controle sobre o uso do copo.

Um grande prazer é ouvir aquela música que marcou uma época intensa em minha vida. Aí são muitas. Sou do tempo do Rock’n Roll progressivo e algumas pegadas do rock pauleira, mas também do Clube da Esquina, e do caipira de raiz. Aprendi a gostar de jazz e blues e samba. E a música popular brasileira de qualidade tem seu lugar em minha alma. Todas essas variações de músicas precisam ter uma coisa em comum: a qualidade.

Outro prazer indescritível é fazer uma longa caminhada e ter uma bela cachoeira me esperando no fim da trilha. Mesmo sabendo da volta, o percurso traz sempre essa espera do fim da trilha. Uma maravilha. Em vez de uma caminhada, melhor ainda se for uma pedalada. Adoro uma bicicleta. Pedalar no fim de tarde dá um prazer danado.

Não posso esquecer também do prazer da cozinha, não só de preparar um prato delicioso como ouvir as exclamações de satisfação dos comensais. Com um licor de sobremesa, ou um champagne, tudo fica melhor ainda. Hoje divido esse prazer gastronômico com minha companheira. O tempero dela tem a malícia de sua voz ao tocar seu violão. O que me conduz a outro prazer: ouvi-la cantar e tocar.

Sou especialista em prazeres, em pequenos prazeres, principalmente. São eles que fazem toda a diferença em nossas vidas, em minha vida particularmente. A gente até acredita que a felicidade existe, mesmo sabendo, conscientemente, que ela é apenas um lampejo no cotidiano.  Não posso deixar de acrescentar uma boa leitura entre um prazer e outro, aumentando o prazer dos intervalos, das reentrâncias dos instantes. Maior ainda, é o prazer de ouvir minhas poesias sendo declamadas por terceiros. De pessoas comprando livros meus.

O maior prazer de todos, no entanto, é estar vivo para saborear todos esses momentos e dividi-los com os amigos. Agradeço a todos os orixás que me protegem, por tudo isso.

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