Este é meu assunto predileto. Embora não tenha dados factuais (preciso fazer uma pesquisa bibliográfica sobre o tema) para falar em nome da pessoa idosa, minha leitura e conversas com as pessoas me permite escrever uma crônica pessoal sobre o prazer. Sou uma pessoa idosa que ama a vida e seus prazeres. Principalmente os pequenos prazeres.
São inúmeras as fontes de prazer de meu dia a dia. Sempre as
descobrimos, as possibilidades são infinitas. Novidades surgem dependendo de
circunstâncias e contextos. Cito, então, as atuais, considerando que minha lista
não apresenta nenhum ordenamento de qualidade e intensidade. São apenas fontes
de prazer. Uma delas, uma das mais importantes, devo ressaltar, é entrar com
Platão na caverna da felicidade. São os melhores momentos dos
últimos tempos, principalmente se considerarmos o atual estágio das relações
humanas em decorrência da pandemia que ainda existe, embora muitos insistem em não
a reconhecer.
Depois seguem outros prazeres, alguns minúsculos, outros nem
tanto. O primeiro gole de cerveja depois de uma acalorada atividade física, tomando
a decisão de uma cachacinha antes para servir de guia. É um minúsculo prazer
pela durabilidade da ação, mas enorme na sensação que tal ação acalenta. Não
sou alcoólatra, sei dos perigos da bebida e tenho absoluto controle sobre o uso
do copo.
Um grande prazer é ouvir aquela música que marcou uma época
intensa em minha vida. Aí são muitas. Sou do tempo do Rock’n Roll progressivo e
algumas pegadas do rock pauleira, mas também do Clube da Esquina, e do caipira
de raiz. Aprendi a gostar de jazz e blues e samba. E a música popular
brasileira de qualidade tem seu lugar em minha alma. Todas essas variações de
músicas precisam ter uma coisa em comum: a qualidade.
Outro prazer indescritível é fazer uma longa caminhada e ter
uma bela cachoeira me esperando no fim da trilha. Mesmo sabendo da volta, o
percurso traz sempre essa espera do fim da trilha. Uma maravilha. Em vez de uma
caminhada, melhor ainda se for uma pedalada. Adoro uma bicicleta. Pedalar no
fim de tarde dá um prazer danado.
Não posso esquecer também do prazer da cozinha, não só de
preparar um prato delicioso como ouvir as exclamações de satisfação dos
comensais. Com um licor de sobremesa, ou um champagne, tudo fica melhor ainda.
Hoje divido esse prazer gastronômico com minha companheira. O tempero dela tem
a malícia de sua voz ao tocar seu violão. O que me conduz a outro prazer:
ouvi-la cantar e tocar.
Sou especialista em prazeres, em pequenos prazeres,
principalmente. São eles que fazem toda a diferença em nossas vidas, em minha
vida particularmente. A gente até acredita que a felicidade existe,
mesmo sabendo, conscientemente, que ela é apenas um lampejo no cotidiano. Não posso deixar de acrescentar uma boa
leitura entre um prazer e outro, aumentando o prazer dos intervalos, das
reentrâncias dos instantes. Maior ainda, é o prazer de ouvir minhas poesias
sendo declamadas por terceiros. De pessoas comprando livros meus.
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