Nos tempos em que eu era professor era comum ouvir a pergunta: você só dá aulas ou trabalha também? Pergunta preconceituosa, lógico. Como se professor não fosse profissão e dar aulas não fosse trabalho. Às vezes eu respondia: eu não dou aulas, trabalho como vendedor. — O que você vende? — Vendo aulas de Física. Quer comprar? Haviam duas reações. Ou a pessoa entendia o ato falho e ria e se desculpava, ou ficava irritado, o que, para mim, significava ratificação do preconceito.
Hoje a pergunta é outra, com parecida carga de preconceito: ainda
trabalhando, coroa? Sim, ainda trabalhando. Estou vivo e penso, logo trabalho. É
minha resposta.
Realmente não é o trabalho o mais importante. É o projeto de
vida que desenvolvo. A pergunta deveria ser: qual o seu projeto de vida,
senhor? Tenho uma resposta clara e precisa. Todos deveriam ter. A minha é: meu
projeto de vida é escrever, publicar e vender. E contar histórias. O resto vem
como consequência.
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