terça-feira, 10 de janeiro de 2023

AS INSPIRAÇÕES DO VOVÔ

Tenho uma música em minha mente, desde jovem, e a canto sempre, principalmente no chuveiro. A canto também em outros momentos, sempre que ela me vem à cabeça. Que música? Em português, seu nome é Submarino Amarelo, dos Beatles. Assobio essa música caminhando, sempre que não há nada para pensar. Ou quando não quero pensar em nada. Um mantra de minhas meditações. Ultimamente ela se mistura com outras em meus pensamentos. Estou mais eclético agora, desde que tenho uma cantora, violonista e compositora em minha companhia cotidiana. Que dorme comigo e amanhece cantando. Que canta o dia inteiro. Logo, como hoje escuto mais músicas que antes, creio que meu cérebro guarda outras mais recentes e que me dão prazer em ouvir e cantar. Claro que não sou cantor. Entonação melódica, ritmo e harmonia não são características minhas. Apenas eu me escuto, por isso posso cantar como eu quiser.

Não é minha única inspiração, lógico. Além das músicas, o que mais me inspira são os filmes e séries que hoje assisto em uma plataforma de cinema. Vejo filmes em casa, em frente a tela do computador, pequena, desconfortável, embora muito mais barato que uma ida ao cinema. A telona é tentadora, claro. Mas os custos ficaram altos.

Quase sempre escrevo algo após assistir a um filme. Busco frases, olhares, cenas poéticas ou dramáticas. Se me inspiram, aparecem em um texto qualquer ou em um poema. Já escrevi poemas para minhas atrizes musas especiais, como Candice Bergen,

 

CANDICE BERGEN


Eu era amado por Clarice,
por Doralice e Berenice.
Mas amava Candice,
uma ilusão cinematográfica.
Candice quase não atua mais
e o cinema,
onde eu a encontrava furtivamente,
foi transformado em igreja evangélica.
Uma perdição.

 

Ou ainda Marília Pera, Katherine Ross, Gal Costa e Yoko Ono,

MINHAS MUSAS


Minhas musas as conheci jovens:
Katherine Ross
em "Onde os homens são mais homens";
Marília Pera
em "Anjos da Noite";
Gal Costa
cantando Flor do Cerrado
e Trem das Onze;
e muitas outras.
Quando penso em minhas antigas musas
não penso no tempo
e seu caráter depredador de nossas imagens:
musas não envelhecem em nossas memórias
que o tempo dilacera em menor velocidade.
Elas mesclam-se, em nosso pensamento,
com outras musas, mais jovens,
conhecidas durante o caminho
e por quem igualmente nos apaixonamos.
Brindemos nossas musas,
pela eternidade delas através de nosso testemunho.
Viver nelas
(como escreveu Yoko Ono)
é uma dádiva e uma necessidade.

Viver nelas é uma dádiva e uma necessidade. Porque elas inspiram. Símbolos do feminino em nossas vidas, nos inspiram a amá-las, nos inspiram ao amor. Esta inspiração que me permite amar minha mulher todos os dias. Inspiram-me a amar minhas amigas, minhas filhas e irmãs. Inspiram-me a amar o mundo.

Paulo Cezar S. Ventura (pcventura@gmail.com — @paulocezarsventura)

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